17 Agosto 2013
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Lucas 12, 49-53 que corresponde ao 20º Domingo do Tempo Comum, ciclo C do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto. No Brasil, as leituras correspondem à Solenidade Assunção de Nossa Senhora, transferida do dia 15 para o dia 18 de agosto.
Eis o texto
Fonte: http://www.periodistadigital.com/religion/ |
Num estilo claramente profético, Jesus resume sua vida toda com umas palavras extraordinárias: Eu vim para lançar fogo sobre a terra: e como gostaria que já estivesse aceso! De que fala Jesus? O caráter enigmático de sua linguagem leva os exegetas a procurarem respostas em várias direções. De qualquer forma, a imagem do “fogo” convida-nos a aproximar-nos de seu mistério de forma mais ardente e apaixonada.
O fogo que arde no seu interior é a paixão por Deus e a compaixão pelos que sofrem. Jamais poderá ser desvelado esse amor insondável que anima toda a sua vida. Seu mistério nunca ficará fechado em fórmulas dogmáticas nem nos livros dos sábios. Ninguém escreverá um livro definitivo sobre ele. Jesus atrai e queima, incomoda e purifica. Ninguém conseguirá segui-lo com o coração fraco ou com uma piedade apática.
Sua palavra faz arder os corações. Ele se oferece amistosamente aos mais excluídos e anima a esperança das prostitutas e a confiança nos pecadores mais desprezados. Luta contra tudo o que machuca o ser humano. Combate os formalismos religiosos, os rigorismos inumanos e as estreitas interpretações da lei. Para fazer o bem, nada nem ninguém pode encadear sua liberdade. Não é possível segui-lo na rotina religiosa ou segundo um protocolo do que “é correto”.
Jesus não apaga os conflitos senão acende-os. Ele não veio para trazer tranquilidade, senão tensões, enfrentamentos e divisões. Jesus introduz o conflito no nosso interior. Não é possível se proteger de seu chamado, escondendo-se atrás do escudo de rituais religiosos ou práticas sociais. Nenhuma religião nos protege de seu olhar. Nenhum agnosticismo livra-nos do desafio da sua proposta. Ele chama-nos a viver na verdade e amar sem egoísmos.
Seu fogo não ficou apagado quando ele se submergiu nas águas profundas da morte. Ressuscitado para uma vida nova, seu Espírito continua ardendo ao longo da história. Os primeiros seguidores sentem arder seus corações na escuta de suas palavras enquanto caminham com ele.
Onde é possível sentir hoje esse fogo de Jesus? Onde poderemos experimentar a força de sua liberdade criadora? Nossos corações ardem na acolhida do Evangelho? Onde há pessoas que vivam seguindo seus passos? Ainda a fé cristã parece que se extingue hoje ao nosso redor. O fogo que Jesus trouxe ao mundo segue ardendo debaixo das cinzas. Não podemos deixar que se apague. Sem fogo no coração não é possível seguir Jesus.
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Sem fogo não é possível - Instituto Humanitas Unisinos - IHU