Por: André | 07 Agosto 2013
“A violenta morte do bispo da diocese de La Rioja Enrique Angel Angelelli Carletti será finalmente julgada no final de outubro próximo, mais precisamente no dia 28, após 37 anos de esperas e dilações”, disse a Télam o presidente do Tribunal Oral Federal, com sede em Catamarca, Juan Carlos Reynaga.
A reportagem está publicada no sítio espanhol Religión Digital, 05-08-2013. A tradução é de André Langer.
Os repressores Luciano Benjamín Menéndez, Luis Estrella e Juan Carlos “La Bruja” Romero irão ao julgamento oral e público na condição de acusados por este crime de lesa humanidade cometido durante a última ditadura, a cargo do Tribunal formado por Reynaga, José Quiroga Uriburu e Carlos Lascano.
Em novembro de 2011, o juiz federal de La Rioja Daniel Herrera Piedrabuena havia disposto também o processamento do ex-ditador Jorge Rafael Videla, morto em maio último, e de Albano Harguindeguy, que morreu em outubro de 2012.
Os três imputados que chagarão vivos ao julgamento são acusados pelo assassinato de Angelelli e pela tentativa de assassinato do sacerdote Arturo Pinto, testemunha chave do caso para desbaratar a versão oficial da ditadura de que a morte do bispo de La Rioja teria sido consequência de um acidente de carro.
Essa versão da ditadura, aceita durante anos pela hierarquia eclesiástica, defendia que Angelelli e Pinto se acidentaram perto da localidade de Punta de los Llanos, quando voltavam para a capital provincial, após uma missa celebrada na localidade de Chamical em homenagem a dois sacerdotes – Carlos de Dios Murias e Gabriel Longueville –, assassinados em julho de 1976.
Não obstante, Pinto declarou que o capotamento do carro dirigido por Angelelli foi provocado por um Peugeot 404 que os perseguiu, alcançou e fechou intencionalmente.
O sacerdote relatou, além disso, que, depois que o carro capotou, após ter permanecido inconsciente no lugar, viu o corpo de Angelelli perto dali e com sinais de lesões graves na nuca.
A autópsia confirmou que Angelelli morreu em consequência de um golpe de elemento contundente no osso occipital, além de ter sofrido outros ferimentos e lesões, inclusive a fratura de várias costelas.
Durante a instrução da causa, ficou claro que Angelelli foi assassinado porque, desde julho de 1976, estava investigando por conta própria os homicídios de Murias e Longueville.
Quando foi assassinado, o bispo levava consigo uma pasta com importantes informações sobre o assassinato dos dois sacerdotes, que responsabilizavam pelo crime repressores da ditadura, em especial militares da base da Força Aérea de Chamical.
O julgamento pelo homicídio de Murias e Longueville foi concluído em dezembro de 2012 com a condenação a prisão perpétua de Menéndez, Estrella e do policial Domingo Benito.
Arquivada durante a ditadura, a causa pelo assassinato de Angelelli foi reaberta em 1986 em La Rioja, mas não avançou em decorrência das leis de impunidade, derrogadas somente em 2005, durante a presidência de Néstor Kirchner.
Reaberta em 2009, María Elena Coseano, sobrinha do bispo assassinado, se apresentou como querelante na causa junto com a Diocese de La Rioja e as secretarias de Direitos Humanos de La Rioja e da Argentina.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
O julgamento pelo assassinato do bispo Angeleli começará em outubro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU