Por: Jonas | 29 Julho 2013
O arcebispo Óscar Arnulfo Romero (na gravura da foto) “foi uma grande testemunha da fé e da exigência por justiça social”, e as verificações para o “nihil obstat” doutrinal, em seu processo de beatificação, contaram com um aceleramento, “a partir de Bento XVI”, revelou ao Vatican Insider o arcebispo Gerhard Müller, atual prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé. Ao mesmo tempo em que o papa Francisco vive, no Brasil, o abraço do catolicismo latino-americano, de Roma, o arcebispo-teólogo alemão declara que já não há questões doutrinais que retardem a beatificação daquele que tantos fiéis chamam “São Romero da América”. O “sinal verde” do ex-Santo Ofício foi aceso quando no trono de Pedro ainda estava Bento XVI.
Fonte: http://goo.gl/H3l49U |
Nesta tarde, o Prefeito da Doutrina da Fé voará para o Rio de Janeiro, para participar do encerramento da Jornada Mundial da Juventude. Nos comentários do arcebispo Müller, sobre os dias brasileiros de Francisco, surge sua cordial sintonia com a “conversão pastoral” que o Papa argentino não se cansa de sugerir para toda a Igreja.
A entrevista é de Gianni Valente, publicada no sítio Vatican Insider, 26-07-2013. A tradução é do Cepat.
Eis a entrevista.
O papa Francisco está no Brasil. Muitos católicos latino-americanos conservam a memória devota de Óscar Romero. O que representa para você a figura do bispo assassinado sobre o altar?
Considero Óscar Arnulfo Romero uma grande testemunha da fé e da sede de justiça social. Seu testemunho também se expressava através das homilias, nas quais falava da trágica condição em que, naqueles anos, seu povo vivia. A ordem social só pode se fundar na defesa da afirmação da justiça, e não na violência ou na lei do mais forte. Esta é a doutrina da Igreja. Inclusive, a Constituição “Gaudium et Spes”, derivada do Concílio Vaticano II, havia reafirmado que todos os homens são criaturas de Deus com os mesmos direitos e com as mesmas possibilidades para aceder os bens da natureza, os bens da Criação e da cultura. O bispo Romero, em cada uma de suas intervenções, repetia somente isto.
No entanto, sua causa de beatificação parece ter se chocado com alguns obstáculos. Para alguns, era oportuno esperar um pouco. Segundo eles, a figura de Romero beatificado poderia se tornar uma bandeira da Teologia da Libertação.
O processo relativo ao “nihil obstat” doutrinal, na Congregação, procedeu com normalidade e já com Bento XVI teve um aceleramento decisivo. Não se pode esquecer que, em 2007, em sua viagem para o Brasil, o papa Ratzinger disse claramente que ele considerava Romero digno de ser beatificado. Agora, com o papa Francisco, o processo decorre com maior velocidade na Congregação para as Causas dos Santos.
Você conhece muito bem algumas realidades eclesiais da América Latina. O que mais o surpreende na viagem do papa Francisco ao Brasil?
A viagem do Papa ao Brasil é algo muito grande. O papa Francisco sabe se aproximar do coração dos jovens e eles se sentem compreendidos, aceitos. Reconhecem imediatamente o bom pastor que oferece a todos o dom do Evangelho, o missionário que não procura obter vantagens para si mesmo, que não pede nem votos, nem dinheiro. A forma como propõe a Boa Notícia de Jesus atrai e desarma não apenas os jovens, mas todos.
Inclusive aos não católicos?
Todos veem nele a alegria ao anunciar o Evangelho e por ser membros de uma única família de Deus, na Igreja católica. Descobre-se que a fé católica é a fonte mais viva que rega a própria humanidade do povo brasileiro. Acredito que esta viagem dará grandes frutos, inclusive em relação ao retorno de tantos cristãos, que seguiram a propaganda separatista das seitas mais hostis ao catolicismo, à plena comunhão com a Igreja católica.
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Terminam os exames doutrinais sobre a beatificação de Romero - Instituto Humanitas Unisinos - IHU