21 Junho 2013
Um estudo realizado em dez países da América Latina mostra que o apoio dos governos para a análise do impacto da mudança do clima sobre o mar e as zonas costeiras é fragmentado e pouco volumoso. Os 26 pesquisadores envolvidos na iniciativa dizem que não têm como responder a questões cruciais sobre como está a vulnerabilidade dos ecossistemas à mudança do clima, quais as medidas de adaptação que deveriam ser adotadas e até a previsão de perda de recursos marinhos no futuro.
A reportagem é publicada pelo jornal Valor, 18-06-2013.
"Temos uma grande lacuna no conhecimento do ambiente marinho na América Latina e Central", diz Alexander Turra, professor-pesquisador do Instituto Oceanográfico da Universidade de São Paulo (USP) e um dos coordenadores do estudo publicado na revista "Global Change Biology". "Os estudos são muito incipientes para esse tipo de ambiente. Para o produtor de cana e café está ótimo", compara. "Precisamos de uma política de suporte à ciência. Não pode ser de governo, tem que ser de Estado."
Turra diz que a governança no impacto da mudança do clima no mar tem que ser baseada em informação. "Temos que fazer uma base de conhecimento para que o governo possa tomar decisões. É fundamental conhecer a sensibilidade desse ambiente a essas mudanças." Isso significa estudar um espectro de vertentes que vão desde a redução no estoque de peixes até as áreas na costa que não devem ser ocupadas diante da previsão de elevação do nível do mar.
O Instituto Oceanográfico irá sediar um seminário dias 27 e 28 de junho, junto com o Ministério do Meio Ambiente, para promover o debate da gestão costeira no Brasil. O Plano Nacional do Gerenciamento Costeiro faz 25 anos é a ideia do evento é promover um balanço do plano e diagnosticar o que precisa ser aprimorado. Será debatido o uso compartilhado dos oceanos, com atividades que vão da pesca à exploração do petróleo, até turismo e geração de energia por ondas.
"É importante ter uma política de planejamento de uso espacial dos oceanos de forma adequada, para que o conflito seja menor", diz Turra, que coordena a ReBentos, rede de monitoramento de organismos que vivem nos substratos marinhos costeiros e que reúne 127 cientistas de 40 instituições no Brasil.
Sobre a exploração de petróleo e a preservação ambiental, Turra defende que "essa discussão seja muito ampliada", uma vez que o Brasil se comprometeu internacionalmente a ter 10% da área marítima protegida até 2020, nas chamadas Metas de Aichi da Convenção da Biodiversidade.
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Estudo vê lacuna em pesquisas sobre o mar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU