15 Junho 2013
No Vaticano, os tempos estão maduros para a substituição do secretário de Estado. O Papa Bergoglio está procedendo com cautela para não cometer erros na escolha de uma pessoa que será determinante para realizar o seu projeto de uma Igreja mais viva, dotada com o frescor das suas origens.
A reportagem é de Franca Giansoldati, publicada no jornal Il Messaggero, 14-06-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A nomeação deve chegar depois da viagem ao Brasil, previsto para o fim de julho. Na lista dos favoritos que Francisco está examinando ultimamente despontou também o nome do Oscar Rodríguez Maradiaga, um dos grandes eleitores do pontífice, um salesiano poliglota, com uma grande experiência internacional amadurecida por causa do seu papel de presidente da Caritas Internationalis.
Maradiaga, atual arcebispo de Honduras, compartilha com Bergoglio a mesma visão de mundo, a mesma atenção pelos pobres e pelas periferias existenciais. Ele é famoso pelas suas batalhas contra as drogas e a corrupção que o obrigaram, no passado, a caminhar escoltado. Na Igreja latino-americana, foi-lhe reconhecido o dom de unir modernidade e tradição. As afinidades com Bergoglio não faltam.
Recentemente, ele manifestou seu aberto desagrado com relação à gestão financeira da Santa Sé e, em diversas conversas privadas, ele disse que o IOR, não sendo um banco propriamente dito, precisa de uma profunda remodelação em nome da mais total transparência, já que "São Pedro não tinha um banco".
O método de trabalho que Maradiaga sugeriu ao papa antes de dar início a qualquer tipo de reforma é coletar todas as informações possíveis, a fim de ter um quadro detalhado e preciso. Maradiaga também havia lamentado o fato de que, embora houvesse uma comissão de vigilância formada por cinco cardeais sobre o que acontecida dentro do IOR, nenhum outro purpurado tinha conhecimento. "Nós não sabíamos nada sobre isso, e é por isso que é preciso ter a documentação necessária para entender e tomar as decisões mais oportunas".
O Papa Bergoglio compartilha o método e também foi por isso que, no mês passado, ele escolheu Maradiaga como coordenador de um grupo formado por oito cardeais, oito "sábios" com o encargo de estar do seu lado no grande projeto de reforma da constituição Pastor Bonus, o texto-marco que regula a organização da Cúria Romana.
Certamente, a ascensão de Maradiaga não deve ter provocado um grande entusiasmo por parte do atual secretário de Estado, já que, mesmo sendo salesiano como Bertone, Maradiaga nunca poupou críticas a ele pela forma como, ao longo desses anos, fez funcionar a máquina curial. Mas pouco importa.
Religiosos
Uma das objeções contra a sua candidatura é que o próximo secretário de Estado dificilmente pode pertencer a uma ordem religiosa, pois já há um pontífice proveniente da Companhia de Jesus. Mas Bergoglio confia cegamente em Maradiaga, e assim o seu nome, apesar dos destaques críticos, ganhou peso igualmente.
Também encontram-se na lista o cardeal Bertello, atual presidente do Governatorato com o qual o papa se consulta ao menos por meia hora por dia sobre várias questões; Dom Baldisseri; os núncios Ventura, Migliore e Parolin; e o cardeal Filoni.
Por fim, nos rumores internos, há quem esteja pronto para apostar no retorno à Cúria, com um cargo de destaque, do núncio em Washington, Dom Viganò, ex-secretário do Governatorato promovido e afastado de Roma depois de ter denunciado a corrupção e as malversações no Vaticano.
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No lugar de Bertone, o papa pensa em Maradiaga - Instituto Humanitas Unisinos - IHU