28 Mai 2013
Centenas de pessoas voltaram às ruas de Porto Alegre na noite desta segunda-feira (27) para protestar contra o corte de árvores que a prefeitura pretende efetuar em função das obras viárias para realização da Copa do Mundo de 2014. Em fevereiro, 14 tipuanas foram ceifadas na praça Júlio Mesquita para que a ampliação da avenida João Goulart pudesse ser iniciada.
A reportagem é de Samir Oliveira e publicada por Sul 21, 27-05-2013.
As 115 árvores restantes só não foram retiradas porque os manifestantes subiram nelas e evitaram os cortes. Neste meio tempo, uma ação do Ministério Público havia conseguido a suspensão dos cortes, mas uma decisão do Tribunal de Justiça deferida no dia 16 acabou autorizando a operação.
O protesto desta segunda-feira foi o terceiro desde que saiu a decisão do TJ. Assim como os dois atos anteriores, este saiu da praça Montevidéu, em frente à prefeitura, e terminou na área verde ao lado da Câmara Municipal, onde dezenas de manifestantes estão acampados em vigília contra o corte das árvores.
Desta vez, os ativistas percorreram a avenida Borges de Medeiros em direção à avenida Loureiro da Silva, por onde ingressaram na rua João Alfredo, contornando o bairro Cidade Baixa pelas ruas da República e Lima e Silva até voltarem à Perimetral, de onde marcharam em direção ao acampamento.
A caminhada teve início por volta das 19h20min, quando o grupo começou a entoar o principal grito de protesto. Ao longo da marcha, uma pessoa perguntava: “O que nós queremos?”. Ao passo que o grupo inteiro respondia: “Nenhuma árvore a menos!”.
Essa dinâmica se estendeu durante toda a marcha, alternando gritos como “em nome da vida, chega de avenida” , “na duplicação tem corrupção” e “recua Fortunati, recua, é o poder popular que está na rua”.
Em alguns momentos, as pessoas também gritavam contra a Copa do Mundo de 2014. Berros como “foda-se a Copa”, “quantas copas por uma Copa?” e “ei, Fifa, larga do Brasil” também foram bastante ouvidos.
A marcha era liderada por um imenso cartaz com os dizeres: “Nenhuma árvore a menos. Não às licenças vendidas”. Havia, ainda, outra faixa bastante grande que criticava a mídia: “RBS mente, junto com o resto da mídia podre do RS”. As críticas também foram verbalizadas ao longo da caminhada com o grito: “Cala a boca Lasier”, em referência ao jornalista Lasier Martins.
Assim como nos protestos anteriores, este reuniu uma gama bastante diversa de pessoas. Ambientalistas das gerações passadas misturavam-se com jovens militantes da cidade. Integrantes de movimentos sociais, vereadores e pessoas que não atuam em nenhum grupo compunham a fauna da marcha.
A bailarina Daggi Dornelles é uma das pessoas presentes que não possui vinculação com nenhum movimento específico. Ela estava vestida inteiramente de branco, segurando, junto com outras três pessoas, um imenso pano branco. “Só nos resta abrir grandes bandeiras de paz quando nenhum diálogo se torna possível”, disse.
A médica Daniele Bensimon mora no bairro Moinhos de Vento e se desloca durante a semana até o acampamento do grupo Ocupa Árvores para ajudá-los. “A gente vai lá dar uma força para eles, levamos algo para comer”, comenta.
Quando a marcha ainda estava no meio do caminho, na avenida Borges de Medeiros, já chegando perto da avenida Loureiro da Silva, uma mãe que caminhava na calçada com sua filha – que aparentava ter uns sete anos de idade – teve que responder a uma pergunta da menina, que queria entender o que estava acontecendo. A reportagem do Sul21 estava próxima às duas neste momento e conseguiu ouvir o que ela disse para a filha: “Quando estiver contra alguma imposição do governo, junta teus amigos e vai para a rua protestar. É assim que se consegue mudanças, não é esperando pelo governo. Viu? Aprende desde pequena”, aconselhou.
Manifestantes tentaram entrar na Câmara Municipal
Quando chegaram na frente da Câmara Municipal, os manifestantes ficaram sabendo que estava ocorrendo no plenário um ato de inauguração do sinal de televisão aberto do canal TV Câmara. Por isso, resolveram tentar ingressar no prédio para aparecer na transmissão.
A vereadora Sofia Cavedon (PT) tentou intermediar o ingresso do grupo. Como os portões estavam fechados, ela tentou conversar por telefone com o presidente da Casa, o vereador Thiago Duarte (PDT). A petista acabou não conseguindo falar com o parlamentar e os ativistas não conseguiram entrar na Câmara.
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Manifestantes realizam novo protesto contra corte de árvores em Porto Alegre - Instituto Humanitas Unisinos - IHU