27 Mai 2013
Quatro jornalistas de diferentes esferas de atuação debateram neste sábado (25) o exercício da profissão na era da internet. A discussão ocorreu durante um painel do evento Conexões Globais, em Porto Alegre, na Casa de Cultura Mário Quintana, e contou com a presença da repórter da revista Carta Capital Cynara Menezes, da editora da Agência Pública e integrante do Wikilieaks no Brasil Natália Vianna, do ex-ministro da Comunicação Social Franklin Martins, e da secretária estadual de Comunicação e Inclusão Digital Vera Spolidoro.
A reportagem é de Samir Oliveira e publicada por Sul 21, 25-05-2013.
A jornalista Natália Viana foi responsável pela divulgação dos documentos vazados pelo Wikileaks no Brasil. Ela entende que a organização fundada por Julian Assange é “uma ideia muito poderosa e perigosa no fazer jornalístico na era da internet” e que o trabalho do grupo está “escancarando o fim da era da indústria da notícia”.
Ela observa que, após o surgimento do Wikileaks, diversos coletivos jornalísticos têm se organizado para realizar reportagens e investigações “sem a necessidade de se ter uma grande indústria ou empresa por trás”.
A repórter Cynara Menezes disse que a internet acabou atropelando um pouco o debate em torno da democratização da comunicação. Entretanto, ela considera que a rede tornou a divulgação e o acesso aos conteúdos mais democrática e livre. “Hoje qualquer pessoa é dona de um veículo de comunicação”, pontuou.
A jornalista acredita, entretanto, que é preciso ter cuidado para que a internet não reproduza os mesmos monopólios e o mesmo fazer jornalístico da mídia tradicional. “Os donos dos jornais estão dominando os portais. É preocupante que os maiores portais de notícia do país sejam de donos de jornais e reproduzam um conteúdo que é um lixo jornalístico”, criticou.
O ex-ministro Franklin Martins afirmou que “os tradicionais donos do poder têm muitos motivos para estarem preocupados” com o jornalismo que vem sendo possibilitado pela internet. Ele observa que as redes estão modificando um padrão jornalístico existente desde o surgimento dos periódicos.
“Não existe mais um centro ativo produtor de informações e uma massa receptora passiva. Não existe mais uma imprensa que fica no Olimpo, esse jornalismo acabou”, disse.
Para Vera Spolidoro, não se pode encarar o jornalismo – e a militância político-social – nas redes com “uma certeza positivista”. Ela considera que estamos vivendo um momento de “transição de paradigmas” e que a internet e suas ferramentas proporcionam mais plataformas para a ampliação de atividades que já eram feitas antes de seu surgimento.
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No Conexões Globais, jornalistas debatem a profissão na era das redes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU