21 Mai 2013
As reservas de xisto brasileiras estão subestimadas, segundo o vice-diretor do Instituto de Eletrotécnica e Energia da Universidade de São Paulo (USP), Colombo Celso Gaeta Tassinar. "A quantidade é maior do que está sendo mostrada", diz. A Agência Internacional de Energia (AIE) estima que o potencial está acima dos 6,4 trilhões de metros cúbicos, que colocam o país na décima posição mundial de reservas.
A reportagem é de Guilherme Soares Dias e Daniela Chiaretti, publicada pelo jornal Valor, 20-05-2013.
Para ele, se esse potencial for explorado, todas as indústrias que utilizam gás em sua produção seriam beneficiadas com a exploração do xisto e teriam aumento de competitividade, já que o custo do xisto é menor. "As indústrias de São Paulo já estão aparelhadas para usar gás natural e o xisto teria custo mais baixo." O pesquisador estima que a exploração de cada poço custa em média US$ 10 milhões.
Mesmo considerando que a exploração do gás de xisto deve baratear o custo do gás no Brasil, Colombo acredita que o país não chegará a ter preços tão competitivos como ocorre nos Estados Unidos. Hoje o custo do gás no Brasil chega a US$ 15 por milhão de BTU (unidade de medida de gás), enquanto nos Estados Unidos, onde o xisto é utilizado em grande escala, chega a US$ 3 por milhão de BTU. "Mas vai cair em relação ao que pagamos hoje", ressalva. Ele lembra que o custo caiu nos Estados Unidos porque o país já tinha rede de gasoduto distribuída por todo o território. "Se depender de gasoduto, é altamente viável, mas no Brasil a rede ainda atinge poucos pontos."
Colombo lembra que a Petrobras nunca se interessou por xisto, já que seu foco era a exploração de petróleo, mas acredita que a petrolífera deve começar a investir na área. "Agora já se interessa, porque virou realidade. Ou entra ou fica de fora e é melhor entrar, mesmo que seja por empresa parceira", diz.
Já o superintendente-adjunto de Segurança Operacional e Meio Ambiente da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), Hugo Manoel Marcato Affonso, disse que as reservas brasileiras ainda levarão um tempo para serem comercializadas. "Em dez anos essas reservas poderão ser exploradas comercialmente", acredita. Ele não soube precisar quanto investimento seria necessário para que o país consiga explorar comercialmente o gás.
O leilão para pesquisa e exploração das áreas que possuem reservas já em outubro deste ano é importante, segundo ele, para o país voltar a aumentar sua área exploratória. "O modelo de concessão do xisto será o mesmo das últimas rodadas de gás não convencional."
Para ele, o maior desafio para a exploração comercial do gás xisto é a "transferência da curva de aprendizado" para garantir a viabilização do xisto. "A regulamentação já existe. Os editais serão adaptados", diz. Dessa forma, ele acredita que haverá interesse da iniciativa privada pela exploração do gás.
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Brasil tem mais xisto, diz especialista - Instituto Humanitas Unisinos - IHU