Por: Jonas | 03 Mai 2013
A oposição de centro-direita obteve uma clara vitória nas eleições legislativas, ocorridas no sábado passado, na Islândia, resultado que foi lido como um baque para a esquerda à frente do Executivo. Segundo resultados definitivos, conhecidos ontem (28/04), o Partido da Independência (direita) liderou os resultados obtendo 26,7% dos votos. Com este resultado, conquista 19 cadeiras no Parlamento. Por outro lado, não se descarta a formação de um governo de coalizão. Espera-se que seu líder, o conservador Bjarni Benediktsson, conte com o apoio do Partido do Progresso (de centro), que obteve 24,4% dos votos e 19 deputados. Esta força, que conquistou 10% e uma dezena de deputados a mais do que em 2009, ficou com um sabor amargo, pois, até poucos dias, as pesquisas a indicava como vencedora.
A reportagem é publicada no jornal Página/12, 29-04-2013. A tradução é do Cepat.
Fonte: http://goo.gl/wDwjH |
Ao mesmo tempo, a coalizão de esquerda, força governante desde 2009, perdeu metade de seus apoios, e a Aliança Social-Democrata deixou de ser a mais votada, para ocupar o terceiro lugar. Dois partidos criados recentemente completaram o novo Parlamento. Futuro Radiante (pró-União Europeia) tem seis cadeiras (8,2%). O Partido Pirata se tornou o primeiro de seu gênero no mundo a chegar ao Parlamento nacional, com três deputados, correspondentes a 5,1% dos votos.
“Estamos prontos para dirigir o governo, nosso partido foi o que mais obteve votos”, declarou Bjarni Benediktsson (foto), num debate televisivo. O posto de primeiro-ministro foi reivindicado por Benediktsson, ao mesmo tempo em que o centrista Sigmundur David Gunnlaugsson, de 38 anos, mostrou-se disposto a colaborar com ele. “O Partido da Independência é convocado para suas responsabilidades”, disse o vencedor perante seus simpatizantes, acrescentando que estava disposto a dirigir um governo de coalizão. Gunnlaugsson se limitou a dizer que será o presidente que decide quem deve formar o governo.
Os rivais esquerdistas derrotados questionaram a legitimidade de Benediktsson, atendendo a figura do chefe do Executivo islandês: “O presidente falará com os dirigentes de todos os partidos, esse é o costume”, manifestou o social-democrata Arni Pall Arnasson. As negociações para formar uma coalizão poderão demorar alguns dias. A eleição do chefe de Governo recai no presidente da República, que tradicionalmente nomeia tradicionalmente o chefe do partido que venceu nas eleições.
Benediktsson, futuro primeiro-ministro, salvou sua carreira política com uma ascensão nos últimos dias e permitiu ao Partido da Independência, dominador histórico na Islândia, voltar ao poder. Nos quase 70 anos de emancipação do país nórdico em relação à Dinamarca, que deu seu definitivo grito de independência em 1944, os conservadores sempre foram os mais votados, até as eleições de 2009, quando perderam essa liderança para a força social-democrata.
Os protestos pela crise econômica na Islândia foram levados adiante no anterior gabinete dirigido pelo conservador Geir Haarde. Também serviram como desculpa para justificar o mal resultado obtido naquelas eleições por Benediksson, já à frente do partido. Uma segunda derrota teria significado, com segurança, o fim de sua hegemonia. Ele é questionado no interior do partido, apesar de contar com o apoio manifesto da direção.
Até apenas três meses atrás, o Partido da Independência liderava com comodidade as pesquisas. Seus vínculos com a elite econômica e política islandesa e sua decisão de apoiar o último dos acordos do Governo para pagar os credores estrangeiros do banco Icesave, posteriormente rejeitado em referendo pelo povo islandês, jogaram contra e o fizeram titubear na intenção de voto.
Essa queda nas pesquisas coincidiu com a imparável ascensão do centrista Partido Progressista, o tradicional “irmão pequeno”, que inclusive mostrou força de vitorioso ao somar como virtual vencedor nas eleições, possibilidade que também teria deixado muito mal o líder conservador, um dos políticos que menos confiança inspira no humor dos nórdicos. Com o resultado apresentado, os islandeses devolveram o poder para o partido de centro-direita que com políticas neoliberais os empurraram para o colapso econômico, em outubro de 2008, e que previsivelmente, agora, freará o processo de adesão da Islândia à União Europeia.
Benediktsson, antigo jogador de futebol e fã da pesca, de 43 anos, é licenciado em Direito pela Universidade da Islândia e ampliou seus estudos na Alemanha e nos Estados Unidos, antes de voltar ao seu país para trabalhar como jurista. Formado nas linhas conservadoras, desde sua juventude, acedeu ao Parlamento em 2003. Entre 2005 e 2008, foi membro da direção de N1 e BNT, duas das principais empresas de serviços do país, mas abandonou o posto depois do estouro da crise, por considerar que não era conveniente seguir ligado ao mundo dos negócios.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
A volta da direita na Islândia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU