24 Março 2013
Enquanto o mundo começa a conhecer mais sobre Jorge Mario Bergoglio, o homem que agora é o Papa Francisco, novos detalhes sobre o seu histórico na Argentina estão surgindo. Nessa quarta-feira, o New York Times noticiou que, antes de um debate turbulento no seu país sobre o casamento gay, o então cardeal Bergoglio indicava que reconhecimento civil das uniões entre pessoas do mesmo sexo era um compromisso possível.
A reportagem é de John L. Allen Jr., publicada no sítio National Catholic Reporter, 20-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Pressionado pela CNN para obter detalhes adicionais, eu entrei em contato com fontes que seguiram a carreira de Bergoglio e dizem que o quadro geral retratado na notícia do NYT é acurado. O papa tem sido um acérrimo opositor do casamento gay, mas aberto a acordos legais para proteger os direitos dos casais do mesmo sexo em questões como benefícios de saúde e herança.
Note-se que essa não é a primeira vez que uma autoridade da Igreja diz tal coisa, embora o fato de fazer isso geralmente convide a um certo grau de reações contrárias. No início deste ano, o arcebispo Vincenzo Paglia, do Pontifício Conselho para a Família, deu uma entrevista a um jornal italiano em que ele basicamente disse que a Igreja se opõe ao casamento gay, mas está aberta a outros arranjos legais para proteger os direitos das pessoas.
Em uma entrevista posterior com o NCR, Paglia insistiu que o que ele disse não foi "nada de novo".
"Diante da explosão de várias formas de convivência hoje, eu simplesmente pedi que os Estados encontrem soluções que ajudem as pessoas e evitem abusos", disse.
Antes de desenhar uma linha separatória entre a posição do então cardeal Bergoglio e o seu impacto sobre a política vaticana, duas precauções são necessárias.
Primeiro, papas muitas vezes distinguem entre as suas posições anteriores e as suas novas responsabilidades.
O então cardeal Joseph Ratzinger, por exemplo, uma vez assumiu uma posição forte contra a admissão da Turquia à União Europeia com base de que isso poderia comprometer a identidade cristã da Europa. Como papa, no entanto, ele manteve a linha oficial do Vaticano, que defende a neutralidade em torno da candidatura da Turquia, desde que certos padrões de direitos humanos sejam cumpridos, especialmente a liberdade religiosa.
Segundo, como Mark Movsesian, do Centro de Direito e Religião, da St. John's University, indica no site First Things, "em termos políticos, as uniões civis parecem ser uma ideia cujo tempo já passou – é duvidoso que os defensores dos direitos gays se contentarão com algo menos do que o casamento neste momento".
Quanto a isso, sabemos que o Papa Francisco tem uma posição fortemente negativa.
Com relação à pressão da Argentina pelo casamento gay, ele disse em 2010: "Não se trata de uma simples luta política. É a pretensão destrutiva do plano de Deus. Não se trata de um mero projeto legislativo, mas sim de um movimento do Pai da Mentira, que pretende confundir e enganar os filhos de Deus".
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
Precauções sobre o Papa Francisco e o reconhecimento das uniões gays - Instituto Humanitas Unisinos - IHU