08 Março 2013
Esta entrevista foi concedida antes do silêncio imposto pelo Vaticano. Contudo, para Donald Wuerl, arcebispo de Washington de 72 anos, é um dos 11 cardeais do renomado grupo dos purpurados eleitores norte-americanos. Ele espera pela eleição de um papa com uma visão espiritual e moderna, capaz de liderar a Igreja no futuro e promover a fé também através de uma utilização das novas mídias para estar presente no mundo.
A reportagem é de Gerald O'Connell, publicada no jornal La Stampa, 08-03-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Quais são os principais desafios da Igreja?
São essencialmente três. O primeiro diz respeito à relação e à complementaridade da fé com a razão, um caminho reproposto pela teologia de Bento XVI, sobre a qual ainda há muito a construir. O segundo é o desafio pastoral: relançar a essência da mensagem do evangelho. O terceiro será reconsiderar o modo pelo qual o ministério petrino foi desenvolvido até hoje e como ele se configurará no futuro.
O senhor pensa em uma maior "colegialidade" entre o papa e os bispos?
Uma das coisas que aprendemos nos dois últimos pontificados é a necessidade de que o papa alcance globalmente os católicos de todo o mundo, não só através das cartas encíclicas, mas também graças ao apoio dos seus coirmãos bispos na ação apostólica nos seus países. Uma presença física, mas também virtual, porque a Igreja vai se confrontar cada vez mais com o mundo, também através dos novos instrumentos de comunicação.
O caso Vatileaks demonstra que é necessária uma verdadeira reforma da Cúria?
Eu não tenho um conhecimento suficientemente aprofundado do que está acontecendo. Eu só posso falar da minha experiência pessoal para dizer que é muito importante que haja uma visão comum em qualquer ofício, quer se trate de uma cúria local ou da romana e, acima de tudo, uma cadeia de comando clara.
A nacionalidade é um elemento importante na escolha do papa?
Eu acredito que não. Fundamental é a visão espiritual do novo pontífice. O problema mais urgente será como o papa irá conduzir a Igreja no respeito à palavra do evangelho.
O conclave irá durar muito tempo? [Nessa sexta-feira, os cardeais votaram pelo seu início no próximo dia 12 de março, terça-feira.]
Ele não será breve. Vai depender muito dos primeiros dias, até porque ainda não há uma escolha clara sobre os candidatos. Eu tento me informar, assim como fazem os meus coirmãos, através do debate dentro e fora das Congregações. Tudo está nas mãos de Deus.
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''É preciso uma clara cadeia de comando para o futuro da Igreja'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU