18 Fevereiro 2013
"Os papáveis italianos? Para mim, são aqueles cujos nomes ainda não foram dados...". Alberto Melloni, historiador da Igreja e autor de um livro sobre a história das eleições pontifícias publicado pela editora Il Mulino, passa a apresentar no canal RaiTre, o primeiro de sete encontros dominicais intitulados "Lições do conclave".
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada no jornal La Stampa, 17-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis a entrevista.
Como o senhor vê o grupo de 28 eleitores italianos do próximo conclave?
Estão divididos, como já estavam no primeiro e no segundo conclave de 1978, e como estavam em 2005.
Então, nada de papa italiano?
Um momento: na primeira eleição de 1978, os italianos estavam divididos entre si, mas um deles saiu papa, Albino Luciani, que poucos esperavam. Não é óbvio que as divisões levem, forçosamente, à designação de um papa estrangeiro. Poderia ser um dos italianos que não aparecem nas listas dos papáveis.
Nomes?
Deixemos os cardeais livres.
Mas desta vez, ao contrário de 2005, o cardeal decano do Colégio é italiano...
Sim, o ex-secretário de Estado, Angelo Sodano, com mais de 80 anos, terá nas mãos a condução das duas semanas anteriores à clausura na Capela Sistina, que são fundamentais para a criação de um consenso. O fato de não entrar no conclave e de não estar na corrida por motivos de idade torna o papel do cardeal Sodano ainda mais forte nessa fase.
O que o senhor pensa sobre as palavras que Bento XVI disse na manhã desse sábado a Scola e aos bispos da Lombardia?
Com um clero que está entre os maiores do mundo e uma tradição de pontífices, a Lombardia é importante. Mas precisamos ver que efeito essas expressões terão no Colégio Cardinalício: uma das coisas que é vetada ao papa é, de fato, a de escolher o seu sucessor. Pessoalmente, considero quase uma blasfêmia apenas o fato de pensar que Ratzinger renunciou neste momento para pilotar de algum modo a eleição do novo papa. As palavras proferidas por ele nestes dias poderiam ter um efeito diferente do que se imagina.
Fala-se da perspectiva de antecipar o conclave, em vez de esperar as duas semanas, tempo mínimo previsto pelas normas. O que o senhor pensa?
Se quem muda as regras é o papa reinante, nenhum problema. Ao invés, considero muito perigoso mudá-las durante a sede vacante. Nunca como nesse caso, a primeira vez de um papa renunciante após seis séculos, há a necessidade de tratar as normas com sacralidade.
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''Uma sucessão dirigida? Uma blasfêmia''. Entrevista com Alberto Melloni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU