14 Fevereiro 2013
Os líderes religiosos hoje prestam homenagens ao Papa Bento XVI, que anunciou na manhã dessa segunda-feira que irá se aposentar efetivamente a partir do dia 28 de fevereiro.
A reportagem é do sítio da revista católica britânica The Tablet, 11-02-2013. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O arcebispo Vincent Nichols, presidente da Conferência dos Bispos da Inglaterra e do País de Gales e arcebispo de Westminster, disse: "O anúncio do Papa Bento XVI de hoje chocou e surpreendeu a todos. No entanto, refletindo, tenho a certeza de que muitos irão reconhecê-la como uma decisão de grande coragem e clareza características de mente e de ação.
"O Santo Padre reconhece os desafios enfrentados pela Igreja e que 'a força da mente e do corpo são necessárias' para as suas tarefas de governar a Igreja e anunciar o Evangelho".
"Eu saúdo a sua coragem e a sua decisão".
"Eu peço às pessoas de fé que continuem rezando pelo Papa Bento XVI. Nós, católicos, o faremos com grande afeto e com a mais alta estima pelo seu ministério como nosso Santo Padre, lembrando com alegria a sua visita ao Reino Unido em 2010. Rezemos, também, pela Igreja e por todos os passos que deverão ocorrer nas próximas semanas. Confiamo-nos à Providência amorosa de Deus e à orientação do Espírito Santo".
O cardeal Keith O'Brien, arcebispo de St. Andrews e Edimburgo, disse: "Assim como muitas pessoas em todo o mundo, eu fiquei chocado e triste ao saber da decisão do Papa Bento XVI a renunciar. Eu sei que a sua decisão foi levada em consideração muito cuidadosamente e que veio depois de muita oração e reflexão".
"Eu ofereço as minhas orações pelo Papa Bento XVI e convido a comunidade católica da Escócia a se unir a mim na oração por ele, neste momento de deterioração da sua saúde enquanto ele reconhece a sua incapacidade para cumprir adequadamente o ministério que lhe foi confiado".
"Eu espero que eu também possa contar com as orações dos católicos de todo o mundo pelos cardeais eleitores enquanto nos preparamos para viajar a Roma a fim de participar do conclave, que será convocado para eleger um sucessor como Bispo de Roma e Sumo Pontífice".
O cardeal Timothy Dolan, presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, disse que Bento XVI unificou os católicos. Ele disse: "O Santo Padre trouxe o coração terno de um pastor, a mente incisiva de um estudioso e a confiança de uma alma unida ao seu Deus em tudo o que ele fez. A sua renúncia nada mais é do que outro sinal de seu grande cuidado pela Igreja. Estamos tristes que ele irá renunciar, mas gratos pelos seus oito anos de liderança altruísta como sucessor de São Pedro".
"Embora com 78 anos quando eleito papa em 2005, ele foi ao encontro do seu povo – e eram de todas as fés – em todo o mundo. Ele visitou os ameaçados religiosos – judeus, muçulmanos e cristãos no Oriente Médio devastado pela guerra, os desesperadamente pobres da África e os jovens do mundo reunidos para encontrá-lo na Austrália, Alemanha, Espanha e Brasil".
"Ele se deleitou com os nossos amados Estados Unidos da América quando visitou Washington e Nova York, em 2008. Como estadista estimado, ele cumprimentou notáveis na Casa Branca. Como líder espiritual, ele levou a comunidade católica à oração no Nationals Park, no Yankee Stadium e na Catedral de St Patrick. Como um pastor que sentiu dor em uma reunião agitada e privada na nunciatura vaticana em Washington, ele levou um coração ouvinte às vítimas de abuso sexual por parte de clérigos.
"O Papa Bento XVI frequentemente citava a importância das verdades eternas e alertava para uma ditadura do relativismo. Alguns valores, tais como a vida humana, destacam-se acima de todos os outros, como ele ensinava uma e outra vez. É uma mensagem para a eternidade".
"Ele unificou os católicos e estendeu a mão para grupos cismáticos na esperança de atraí-los de volta para a Igreja. Mais coisas nos unem do que nos dividem, disse ele por palavras e ações. Essa mensagem é para a eternidade."
Do Palácio de Lambeth, Justin Welby, o arcebispo recém-eleito de Canterbury, elogiou o papa pela sua "dignidade, intuição e coragem". Ele disse: "Foi com um coração pesado, mas com completa compreensão que ficamos sabendo nesta manhã da declaração do Papa Bento XVI de sua decisão de depor a carga do ministério de bispo de Roma, um ofício que ele carregou com grande dignidade, intuição e coragem. Enquanto me preparo para assumir o ofício, eu falo não só por mim e pelos meus antecessores como arcebispo, mas também pelos anglicanos em todo o mundo, dando graças a Deus por uma vida sacerdotal totalmente dedicada, em palavras e ações, à oração e ao caro serviço, para seguir a Cristo. Ele colocou diante de nós algo do significado do ministério petrino para construir o povo de Deus até a plena maturidade".
"Em sua visita ao Reino Unido, o Papa Bento XVI nos mostrou um pouco do que a vocação da Sé de Roma pode significar na prática – um testemunho para o alcance universal do Evangelho e um mensageiro de esperança em um momento em que a fé cristã está sendo posta em questão. Em seu ensino e escrita, ele trouxe uma mente teológica notável e criativa para suportar as questões de hoje. Nós, que pertencemos a outras famílias cristãs, reconhecemos alegremente a importância desse testemunho e unimo-nos a nossos irmãs e irmãs católicos romanos para agradecer a Deus pela inspiração e pelo desafio do ministério do Papa Bento XVI".
"Rezamos para que Deus o abençoe profundamente na aposentadoria com saúde e paz de espírito e coração, e confiamos ao Espírito Santo aqueles que têm a responsabilidade de eleger o seu sucessor."
David Cameron, primeiro-ministro britânico, emitiu um breve comunicado na manhã dessa segunda-feira. Ele disse: "Envio meus melhores votos para o Papa Bento XVI após o seu anúncio de hoje. Ele tem trabalhado incansavelmente para fortalecer as relações da Grã-Bretanha com a Santa Sé. Sua visita à Grã-Bretanha em 2010 é lembrada com grande respeito e afeto. Ele fará falta como líder espiritual de milhões de pessoas".
Edward Leigh MP, presidente do Grupo Parlamentar Pluripartidário sobre a Santa Sé, expressou a sua surpresa na manhã dessa segunda-feira diante da notícia da iminente aposentadoria do Papa Bento XVI.
"Eu sei que eu posso falar por muitos católicos no serviço público e por outros em todo o país quando eu louvo o papa pelo trabalho que ele fez. A relação entre a Grã-Bretanha e a Santa Sé é mais forte agora do que em qualquer outra época desde a Reforma, e muito disso se deve aos esforços determinados do Santo Padre".
"Ficamos todos impressionados com a enorme resposta do público britânico à visita de Estado de Bento XVI em 2010. Fiquei profundamente comovido pelo discurso de Sua Santidade no Westminster Hall, quando a sua espiritualidade e a sua imensa inteligência ofereceram uma intuição provocativa ao pensamento sobre a história, a natureza do governo e o mundo moderno".
"Embora surpreso e entristecido com a sua saída da Cátedra de São Pedro, estou certo de que os membros do Grupo Parlamentar Pluripartidário sobre a Santa Sé irão se unir a mim na oração pela saúde e bem-estar futuros do Papa Bento XVI. Nós também esperamos em antecipação orante pelo conclave vindouro, quando um novo pontífice será escolhido".
O Lorde Sacks, rabino-chefe da Grã-Bretanha, que viajou a Roma para visitar o papa após a visita papal à Grã-Bretanha, observou a sua "gentileza" e consideração. "Tive a honra de acolher o Papa Bento XVI à Grã-Bretanha em nome das fés não cristãs em 2010 e de passar um tempo com ele durante uma visita ao Vaticano em 2011. Vi-o como um homem de gentileza, de quietude e de calma, um indivíduo profundamente pensativo e compassivo, que trazia consigo uma aura de graça e sabedoria. Eu desejo a ele boa saúde, bênçãos e os melhores votos para o futuro".
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Tributos ao papa ''corajoso'' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU