28 Janeiro 2013
O horrror, o horror
“É a maior tragédia da história do Rio Grande do Sul. Nunca, no Estado, houve um cenário como o do ginásio municipal de Santa Maria, com mais de 200 corpos dos filhos desse chão rojados sobre uma lona vulgar, deitados de olhos fechados, os membros já tomados pelo rigor da morte, alguns com os braços estendidos como se pedissem socorro, alguns com as mãos em garra, tantos outros parecendo calmos, como se dormissem. Muitas meninas lindas, muitos meninos de tênis e camiseta, todos tão jovens, tão jovens, tão jovens. O horror, o horror” – David Coimbra, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
'Mãe'
“No celular de um dos jovens mortos na tragédia da boate Kiss, em Santa Maria, a polícia encontrou 104 chamadas de uma mesma pessoa: “Mãe”. Os bombeiros contaram que os telefones espalhados pela boate tocavam sem cessar – e ninguém podia atender” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
No silencioso
“Os telefones ainda tocam no peito das vítimas estendidas no Ginásio Municipal. As famílias ainda procuram suas crianças. As crianças universitárias estão eternamente no silencioso. Ninguém tem coragem de atender e avisar o que aconteceu. As palavras perderam o sentido” – Fabrício Carpinejar, escritor – Zero Hora, 28-01-2013.
“Liguei para o meu filho. Uma policial atendeu e disse que ele estava morto” – Ana Paula Oliveira, 35 anos – O Estado de S. Paulo, 28-01-2013.
Não estava a fim
“A Raquel só foi à festa pela formatura. Ela não estava a fim de ir” – Janice Conti, professora, mãe de Raquel – O Estado de S. Paulo, 28-01-2013.
Deboche
"No último momento que o vi ele brincou: 'tá pegando fogo, vamos sair', meio de deboche. Mas depois só veio escuridão e eu já fiquei tonta" - Débora Mello da Silva, 23 anos, estudante, que perdeu o namorado no incêndio - Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Pior das mortes
“Perder um filho é a pior das mortes, é um assassinato da esperança, impossível de assimilar. Cuidamos zelosamente nossos descendentes, pois seguirão nossos passos quando cessarmos. Sua morte é 1 milhão de vezes mais insuportável que a nossa, restamos sem sua transcendência. Um filho morto diminui a chance de nos tornarmos lembrança. Apesar disso, não podemos ser egoístas e guardá-lo numa redoma, esperando que viva para nos cultuar” – Diana Lichtenstein Corso, psicanalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Soco
“Quem não tem filhos sofre. Quem tem se arrebenta. Não é algo que se explique. Nenhum racionalismo conforta. É um soco que nos tira o ar e nos faz lembrar o que tanto buscamos esquecer: que somos todos vulneráveis diante da fragilidade da vida” – Martha Medeiros, escritora – Zero Hora, 28-01-2013.
Fumaça nefasta
“Morri em Santa Maria ontem. Quem não morreu? Morri na Rua dos Andradas, 1.925. Numa ladeira encrespada de fumaça” – Fabrício Carpinejar, escritor – Zero Hora, 28-01-2013.
“A fumaça nunca foi tão negra no Rio Grande do Sul. Nunca uma nuvem foi tão nefasta” – Fabrício Carpinejar, escritor – Zero Hora, 28-01-2013.
E daí?
“As licenças estavam em ordem”, dirá, certamente, a prefeitura ou quem de direito. E daí?” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Sanha de lucro fácil
“Onde estava, porém, a responsabilidade empresarial? O correto empresário não vende água como se fosse leite, à espera de que o poder público, ao fiscalizar, alerte que água não é leite... Em Santa Maria, agora, tudo se juntou – sanha de lucro fácil, desídia e irresponsabilidade dos donos da boate além da fiscalização municipal carcomida pelo desleixo ou pelo suborno” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Revoltante
“A tragédia exige pensar a fundo e indagar sobre a sociedade de consumo e seu hedonismo, que transforma tudo em mercadoria de venda fácil. Até a vida de mais de duas centenas de jovens que buscavam relaxar e divertir-se. Esta tragédia não é apenas dramática e brutal, é revoltante” – Flávio Tavares, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Arapuca
“Se os bombeiros ou as secretarias responsáveis pelo licenciamento fecham uma arapuca, chovem protestos, como ocorreu em Porto Alegre quando o então secretário municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre, Valter Nagelstein, endureceu a fiscalização das casas noturnas. Há duas semanas, a prefeitura de Santa Maria fechou a boate do Diretório Central de Estudantes e o prefeito Cezar Schirmer foi chamado de autoritário. Na Kiss, o plano de prevenção a incêndios estava vencido desde agosto, mas até então a boate tinha autorização legal para funcionar” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Pode?
“Nagelstein (ex-secretário municipal da Indústria e Comércio de Porto Alegre) diz que, quando foi secretário, eram comuns os casos em que a Smic negou alvará a empreendimentos e os proprietários foram à Justiça e conseguiram liminar para funcionar sem cumprir as exigências da fiscalização. Pode um juiz autorizar o funcionamento de um empreendimento que não passou no crivo dos técnicos?” – Rosane de Oliveira, jornalista – Zero Hora, 28-01-2013.
Ausente que não chega
"Quando do pânico decorrem mortes, as pessoas surpreendidas nos trajes, nos atos, no cenário e na circunstância "impróprios para morrer", numa cultura funerária como a nossa, tradicional, que pressupõe a morte em família, as sequelas sociais são imensas. Cria-se a situação culturalmente anômala do ausente que não chega, do filho que não volta. A espera passa a regular a vida da família, numa sociedade em que já não há lugar para esperar" - José de Souza Martins, sociólogo - O Estado de S. Paulo, 28-01-2013.
Internação
“Está na hora de parar com essa discussão ridícula. Pode ser que internação compulsória não seja a solução ideal, mas é um caminho que temos que percorrer. Se houver exagero, é uma questão de corrigir. Vão haver erros, vão haver acertos. Temos que aprender nesse caminho porque ninguém tem a receita” – Dráuzio Varella, médico – Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Jargões vazios
“Quando vemos essa discussão (sobre a internação compulsória dos dependentes químicos) nos jornais, parece que estamos discutindo o direito do filho dos outros de continuar usando droga até morrer. É uma argumentação frágil, jargões vazios, de 50 anos atrás. Eu fico revoltado com essa discussão inútil” – Dráuzio Varella, médico – Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Medicina não sabe
“A medicina não sabe tratar dependência. Vejo na cadeia meninas desesperadas, me pedindo ajuda. Eu fico olhando com cara de idiota. Não tem o que fazer. Só posso dizer: fique longe da droga. Não tem um remédio que você diga: você vai tomar um remédio bom em que 30% dos casos ficam livres da droga” – Dráuzio Varella, médico – Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Lucidez
"Vivemos um momento inédito após o mensalão e o Congresso não ficará atrás. Renan terá a lucidez de retirar seu nome" - Pedro Simon, senador - PMDB-RS, comentando a decisão do Procurador-Geral da República de denunciar o candidato à presidência do Senado ao STF - Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Me chama...
"José Dirceu vai percorrer o país para difundir a mensagem de que foi condenado sem provas no mensalão. A ideia é aceitar convites da base petista para dar visibilidade à sua defesa" - Fábio Zambeli, jornalista - Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
...que eu vou
"O roteiro do ex-ministro pós-julgamento no Supremo Tribunal Federal começa no Rio, na quarta-feira, em evento da CUT (Central Única dos Trabalhadores). Após o carnaval, ele visitará o Nordeste" - Fábio Zambeli, jornalista - Folha de S. Paulo, 28-01-2013.
Frases do domingo, 27-01-2013
Fracassados, não perdedores
"Como demonstra o economista Emmanuel Saez, de Berkeley, o 1% mais rico dos americanos viu sua renda crescer 11,6% em 2010, enquanto a dos restantes 99% subiu apenas 0,2%" – reportagem do jornal inglês The Guardian, classificando o encontro de Davos – 2013 como o “clube dos fracassados”, mas que não deve ser confundido com “perdedores” – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
Alternativas?
“Se a esquerda não conseguiu até agora sair dos escombros do Muro de Berlim, a direita ainda não sacudiu a poeira do Lehman Brothers, o banco cuja quebra, em 2008, foi a detonadora da maior crise do capitalismo, desde o colapso de 1929” – Clóvis Rossi, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
De braços dados
“Sexta, num hotel em São Paulo, ficou acertado que Lula será o coordenador-geral da campanha de Dilma à reeleição” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 27-01-2013.
Igrejas-empresas
“Nossa legislação parece despreparada para lidar com a proliferação de igrejas-empresas, conglomerados cujos líderes fazem fortuna, adquirindo jatinhos, helicópteros, mansões, fazendas, gravadoras, editoras, emissoras e redes de TV. Sempre à custa de rebanhos esmagadoramente pobres e socialmente vulneráveis” – Ricardo Mariano, sociólogo – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
“A religião tocada como negócio ou atividade econômica está a demandar uma nova regulação pública do religioso, seja para privá-la de privilégios fiscais ou para obstar sua mercantilização, prática em tudo avessa aos fins visados e resguardados pela dispendiosa concessão estatal de isenção tributária” – Ricardo Mariano, sociólogo – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
Sul
"Aqui o Sul venceu" – Darcy Ribeiro, antropólogo, referindo-se à Guerra Civil americana, tema do filme “Lincoln”, resumiu a “desdita brasileira na segunda metade do século XIX”, citado por Elio Gaspari, jornalista – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
A realidade
“Entre o mundo róseo descrito por Dilma na televisão e o pré-caos pintado pela Folha, deve estar a realidade” – Suzana Singer, ombusdman – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
Colapso
"Depois vão querer formar casais com três ou quatro pessoas; quem sabe um dia o incesto deixe de ser proibido. Seria um colapso da sociedade" - Philippe Barbarin, arcebispo de Lyon, França, criticando o projeto de lei sobre o casamento gay – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
"Os manifestantes anticasamento gay não são a França de hoje. O país não é mais exclusivamente branco, loiro, com um pai e uma mãe e católico. Claro, isso também é a França, mas há outros modelos de família" - Stéphane Corbin, da Federação Francesa LGBT – Folha de S. Paulo, 27-01-2013.
Receita
“Há receita certeira para a infelicidade: ser casado(a), a não ser que a mulher ou marido seja rico(a). E não há receita certeira para a felicidade, a não ser a de manter a saúde perfeita ou ser solteiro” – Paulo Sant’Ana, jornalista – Zero Hora, 27-01-2013.
Cena carioca
“De uma cliente, antes de uma consulta em uma clínica de dermatologia, na Tijuca, Zona Norte do Rio, ao ser questionada pela atendente sobre seu estado civil: “Vivendo em pecado”. Há testemunhas” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 26-01-2013.
Frases do sábado
Perca de brilho
“O encontro anual 2013 do Fórum Econômico Mundial termina hoje, com a constatação, no que se refere aos mercados emergentes, de que a sigla Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) perdeu brilho e, a rigor, acaba reduzida ao C, de China” – Clóvis Rossi, jornalista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Poder
"As pessoas só se movem da base no momento em que o poder futuro é mais atraente que o poder presente" – Aécio Neves, senador – PSDB-MG, citando seu avô, Tancredo Neves – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Todos...
“Ungido candidato a novo mandato no PT ontem pela majoritária CNB, Rui Falcão pretende consultar correntes minoritárias em busca do que chama de "unidade eleitoral". O presidente petista esteve ontem com Lula e Dilma em São Paulo” – Fábio Zambeli, jornalista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
...contra um
“A ala Mensagem ao Partido, liderada pelo governador Tarso Genro (RS) e que ocupa posições de destaque no governo de Haddad, estuda lançar o deputado federal Paulo Teixeira (SP) à disputa interna prevista para novembro” – Fábio Zambeli, jornalista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
2014
"Ninguém nunca questionou a candidatura dela no partido. Já estou trabalhando para reelegê-la, e junto com o ex-presidente Lula" – Rui Falcão, presidente do PT e candidato à reeleição – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Internet como ameaça
"A internet, nossa maior ferramenta de emancipação, está sendo transformada no mais perigoso facilitador de totalitarismo que já vimos. A internet é uma ameaça à civilização humana" – Julian Assange, no seu livro “Cypherpunks, Liberdade e o Futuro da Internet” – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Tanque de guerra
"Quando nos comunicamos pela internet ou por telefonia celular, nossas trocas são interceptadas por organizações militares de inteligência. É como ter um tanque de guerra dentro do quarto" – Julian Assange, no seu livro “Cypherpunks, Liberdade e o Futuro da Internet” – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Chávez
“A ideia de que a Revolução Bolivariana não sobreviverá a Hugo Chávez é apenas uma manifestação de desejo dos golpistas de 2002, da elite saudosa da velha Venezuela. Aquela em que a fortuna decorrente do petróleo ia parar em contas bancárias em Miami e na Suíça e não em projetos sociais, como acontece hoje” – Fernando Morais, jornalista e escritor – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Com chapéu alheio
“A Fifa acaba de espetar uma conta de uns R$ 80 milhões em cada uma das seis cidades — Rio, Brasília, Belo Horizonte, Fortaleza, Recife e Salvador — que vão sediar, este ano, a Copa das Confederações. É, mais ou menos, quanto vai custar a construção dos chamados “overlay”, estruturas temporárias para abrigar a imprensa e vips no entorno dos estádios” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 25-01-2013.
Segue...
“Os governadores anfitriões já enviaram uma carta à Dilma dizendo que não pagarão essa conta. Na África do Sul, quem pagou foi a própria Fifa, o que faz mais sentido” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 25-01-2013.
Calma, gente
“João Pedro Stédile envia hoje uma carta à escola Unidos de Vila Isabel por ter aceito o patrocínio da alemã Basf ao enredo em homenagem ao trabalhador do campo. O MST, como se sabe, combate a empresa química da Alemanha por causa da produção de agrotóxicos agrícolas” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 25-01-2013.
Segue...
“Stédile promete também se queixar com o querido Martinho da Vila, um dos autores do samba deste ano” – Ancelmo Gois, jornalista – O Globo, 25-01-2013.
Afundação
“Feriadão da Afundação de São Paulo! Paulista gosta tanto de São Paulo que olha esta notícia: "1,3 milhão de veículos deve deixar a cidade no feriadão do aniversário". Vão estressar os outros” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Quatro marchas
“Paulista no trânsito só usa quatro marchas: parado, paralisado, ponto morto e puto da vida!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Estresse
“Paulista, quando viaja, em vez de desestressar, estressa os outros: "Rápido! Depressa com essa caipirosca. Ai, que saco, se fosse em São Paulo" – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Padoca e...
“E uma instituição tipicamente paulistana: padaria. A padoca! Toda rua de São Paulo é assim: padoca, igreja evangélica e agência do Bradesco!” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
Igreja evangélica
“Um amigo saiu apressado de casa, entrou na padaria e o padeiro tava de terno e gravata. A padaria tinha virado igreja evangélica” – José Simão, humorista – Folha de S. Paulo, 26-01-2013.
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