Por: Jonas | 29 Novembro 2012
A Congregação dos Legionários de Cristo enfrenta uma crescente pressão judicial em consequência de diversos processos, tanto nos Estados Unidos, como na Espanha. Enquanto isso, conduz uma batalha legal contra o filho de seu fundador.
A reportagem é publicada no sítio Religión Digital, 27-11-2012. A tradução é do Cepat.
Imersa num processo interno de reforma, produto dos escândalos ligados ao seu iniciador Marcial Maciel Degollado, a comunidade religiosa se viu obrigada a responder três denúncias nos Estados Unidos e a um processo administrativo na Espanha. A denúncia mais famosa corresponde a que foi apresentada no dia 27 de julho de 2010, nos tribunais de Connecticut, por José Raúl González, filho biológico do falecido fundador e fruto de uma relação amorosa deste com a mexicana Blanca Gutiérrez Lara.
O acusador envolveu não apenas os Legionários de Cristo nos Estados Unidos, como supostos cúmplices dos abusos que sofreu pelo próprio Maciel, mas também autoridades de alto nível do Vaticano.
Enquanto este processo judicial ainda permanece em aberto, no México, a Legião impetrou, por sua vez, o próprio González Lara pelo crime de extorsão, uma vez que este – em 2010 – havia solicitado a soma de 26 milhões de dólares em troca de seu silêncio.
Mesmo estando confirmado que a denúncia por extorsão foi apresentada pelos Legionários, os escritórios de imprensa da Congregação, tanto em Roma como na Cidade do México, se negaram inteiramente a fazer comentários sobre o caso. Esse não é o único processo legal que a instituição enfrenta, impelida por outros dois casos nos Estados Unidos, ambas as reclamações feitas por familiares ex-membros que doaram milhões de dólares para a obra.
No último dia 7 de setembro, o juiz Michael Silverstein, do Tribunal Superior de Rhode Island, deu razão aos religiosos diante da reclamação de Mary Lou Dauray, sobrinha da endinheirada viúva Gabrielle Mee, que doou 60 milhões à Congregação. Segundo a peticionária, que alega fraude, sua tia (viúva do ex-diretor do Fleet National Bank) foi persuadida a mudar seu testamento em nome da Congregação, na qual se vinculou por meio do movimento leigo Regnum Christi.
A Legião foi acusada de seduzir Mee, que faleceu em maio de 2008, com “técnicas” como a de sua suposta incorporação anômala às fileiras das consagradas, acesso privilegiado ao fundador Marcial Maciel Degollado, além de convites para viagens a Roma e México.
A objeção ao testamento foi rejeitada por Silverstein, numa sentença de 39 páginas, que determinou que a sobrinha não possui influência no assunto. Embora o juiz tenha reconhecido que algumas das acusações, feitas por Mary Lou Dauray, fossem verdadeiras. Após a sentença quatro importantes meios de comunicação estadunidenses (Associated Press, The New York Times, The Providence Journal e o National Catholic Reporter) iniciaram uma petição formal para que o tribunal de Rhode Island torne público os documentos do julgamento, que foram lacrados em 2009.
Sobre isto, Jim Fair, porta-voz da Legião de Cristo nos Estados Unidos, argumentou que esses escritos pertencem a um caso pendente que sofrerá apelação e a impetrante já expressou seu desejo de buscar um novo processo com jurado.
“Portanto, é apropriado que os documentos permaneçam lacrados para assegurar que potenciais jurados não sejam influenciados e que o direito constitucional da Legião a um julgamento justo e imparcial seja protegido”, apontou.
A ação judicial mais recente nesse país foi apresentada por Paul Joseph Chu, no dia 9 de novembro, também na corte de Rhode Island, contra uma série de associações ligadas aos Legionários.
O filho do falecido professor James Boa-Teh Chu acusa as autoridade da Congregação de ter manipulado seu pai para que mudasse seu testamento, pouco antes de morrer, e deixar a herança de milhão de dólares.
Sobre esse caso, Fair argumentou: “Temos confiança que atuamos de forma apropriada em nossas interações com James Boa-Teh Chu”.
As dificuldades também atingem a Legião na Espanha, que mantém um contencioso aberto com o Ajuntamento de Boadilla (nos arredores de Madri) pela concessão do terreno onde está situado o colégio Highlands Los Fresnos. Trata-se de uma parcela municipal do valor de 11 milhões de euros (uns 14 milhões de dólares) que a instituição ocupa em troca de um arrendamento anual de 162 mil euros.
A prefeitura sustenta que o arrendatário não cumpriu com os acordos estabelecidos, especialmente em matéria de ampliação do centro educativo mediante a construção de novos edifícios, e por isso decidiu revogar a concessão.
De sua parte, as autoridades do colégio expressaram sua “clara decisão” de continuar com a instituição, recorreram da revogação por via administrativa (onde se encontra neste momento) e anunciaram que também poderão se dirigir aos tribunais.