Renda 123% maior faz negro ganhar fatia na classe média

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20 Novembro 2012

A renda da população negra no Brasil cresceu em um ritmo cinco vezes maior do que a da não negra nos últimos dez anos.

A soma de salários dos negros (inclui pardos) passou de R$ 158,1 bilhões em 2002 para R$ 352,9 bilhões em 2012 -incremento de 123,2%.

Entre a população não negra (brancos e amarelos), também houve aumento na soma dos rendimentos, mas em ritmo menor: 21,1%. Passou de R$ R$ 272,1 bilhões para R$ 329,5 bilhões.

A reportagem é de Claudia Rolli e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 18-11-2012.

Os dados constam em estudo do projeto Vozes da Classe Média, realizado pela Secretaria de Assuntos Estratégicos, da Presidência da República, em parceria com o instituto Data Popular.

Com a maior participação no mercado formal de trabalho (carteira assinada e direitos trabalhistas), mais acesso à educação e mais facilidades em conseguir crédito para o consumo, essa população viu a renda melhorar em um ritmo mais intenso.

Além desses fatores, políticas públicas adotadas pelo governo federal -como aumento real de salário mínimo e programas sociais de transferência de renda, caso do Bolsa Família- contribuíram para o incremento.

CLASSE MÉDIA

"A expansão da classe média foi resultado da entrada de grupos sociais menos privilegiados, como o dos negros, e da redução das desigualdades. Oito em cada dez entrantes da classe média, a mais heterogênea das classes econômicas, são negros", diz Renato Meirelles, sócio e diretor do Data Popular.

A classe média representa 52% da população brasileira, e a baixa, 28%. Na classe alta, estão os demais 20%.

Pertencem à classe média famílias com renda per capita de R$ 291 a R$ 1.019.

Dos 40 milhões de pessoas que entraram na nova classe média, 75% são negros. "A entrada maciça de negros na classe média fez com que a participação desse grupo na classe média brasileira subisse de 38% em 2002 para 52% em 2012", diz o estudo.

PODER AQUISITIVO

Às vésperas do Dia da Consciência Negra, celebrado depois de amanhã, representantes de entidades ligadas à população negra dizem que há muito para ser feito para reduzir a desigualdade.

"Certamente houve um processo de ascensão, e uma parcela da população negra se tornou emergente. Mas isso ainda não se reflete na sociedade", diz o professor Nelson Inocêncio, do Núcleo de Estudos Afro-brasileiros da Universidade de Brasília.

"Nem todos ainda enxergam que é essa população, ainda pouco vinculada a produtos populares, que tem poder aquisitivo para consumir", completa.

Segundo o Data Popular, a população negra movimenta R$ 760 bilhões por ano. Se contabilizada toda a classe média, o valor deverá chegar a R$ 1 trilhão neste ano.