30 Outubro 2012
O Sínodo acaba compensando a falta de colegialidade e dando o sentido do que a Igreja pensa sobre os seus grandes problemas.
A análise é Alberto Melloni, historiador da Igreja italiano, professor da Universidade de Modena-Reggio Emilia e diretor da Fundação João XXIII de Ciências Religiosas de Bolonha. O artigo foi publicado no jornal Corriere della Sera, 29-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Mais uma vez, o Sínodo mostrou as potencialidades e os limites desse instrumento. Por um lado, ele decepciona a colegialidade definida no Vaticano II: aquela que dá a todos os bispos um poder sobre a Igreja universal a ser exercido em comunhão com Pedro e do qual em um Sínodo meramente consultivo não há nenhum vestígio. Por outro, justamente porque é o único substituto disponível daquela colegialidade, o Sínodo acaba compensando a sua falta e dando o sentido do que a Igreja pensa sobre os seus grandes problemas.
Por trás da agenda desse Sínodo, que tinha como tema a nova evangelização – que será mais ou menos como a velha: seguir nus o Cristo nu –, estavam dois objetivos políticos de alto grau. Um era o de fazer com que o Sínodo dissesse que a nova evangelização é a tarefa dos novos movimentos. O outro, dizer a angústia trêmula das Igrejas ocidentais, neurotizadas pela minoridade e pela sua anemia evangélica, é uma prioridade global. Objetivos fracassados. As muitas vozes que se alternaram e que, depois do pandemônio do "Vatileaks", seria razoável fazer ouvir sem filtros, deram a todos um sentido mais amplo dos problemas.
Assim, o Sínodo tornou-se a balança de estilos muito diferentes entre si: como o do cardeal Vuerl, que, na abertura, se permitiu falar de tsunamis diante dos bispos da Ásia para fazer uma metáfora de efeito; ou o do prepósito geral Adolfo Nicolás, que falou do Oriente com uma profundidade usual somente para ele; ou o do cardeal Betori, que presidiu a crucial comissão sobre o texto final do Sínodo.
E o clima sinodal acompanhou e talvez favoreceu coisas relevantes: a celebração do cinquentenário do Vaticano II, seis novos cardeais, a corajosa abertura para o diálogo com a China do cardeal Filoni, um retoque nas competências da cúria. Saiu-se confirmado um velho ditado: segundo o qual, na Igreja, para os problemas difíceis, é preciso a autoridade, mas para aqueles dificilíssimos é preciso a comunhão. Uma comunhão que, no saldo da horinha de "discussão livre" concedida aos bispos em sínodo, ainda espera um "salto à frente" que Roma ainda poderá adiar, mas no máximo por alguns séculos.
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Potencialidades e limites do Sínodo. Artigo de Alberto Melloni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU