Por: Jonas | 23 Outubro 2012
A degradação do Cerro de Potosí, na Bolívia, é tão grave que pode entrar em colapso. Durantes os últimos anos, o cerro foi uma das grandes preocupações para os potosinos, em especial para os mineiros, que correm um constante perigo diante dos desmoronamentos de terra.
A reportagem é de Eliana Costa, publicada no sítio “DesInformémonos”, 10-2012. A tradução é do Cepat.
Jornais locais destacam que o cerro não pode ficar intacto depois de uma exploração de mais de 450 anos, que se percebe o desmoronamento e que ninguém pode negar que há alguns setores onde se verifica mais a deformação.
Em Potosí, as recentes chuvas agravaram o desmoronamento no topo do cerro. A cratera produzida alertou as autoridades do lugar, que exigiram a imediata presença das autoridades federais e a adoção de medidas para evitar o avanço dos desmoronamentos.
Atualmente, uns 15 mil mineiros operam sob o sistema de cooperativas e entram diariamente no subsolo para abrir túneis com dinamite e extrair cerca de 2.500 toneladas de terra com minerais. O presidente da Federação de Cooperativas de Mineração de Potosí, Julio Quiñones, outorgou a esse setor a responsabilidade na nova queda.
Quando se formou, um dos buracos media oito metros de diâmetro e 18 de profundidade. Agora possui 17 metros de diâmetro e 22 de profundidade, ou seja, avançou quatro metros para baixo e se alargou em nove.
Muita coisa é dita a respeito: teorias, propostas, queixas; mas até a data não existe uma marcada vontade entre os responsáveis, e são poucos os que sustentam que deve ser dada solução para ambos os aspectos: o desmoronamento do cerro e a integridade dos trabalhadores. Uma comissão estatal avaliará as consequências do desabamento do topo do legendário Cerro Rico de Potosí, ocorrido em princípios de julho, confirmaram fontes governamentais bolivianas.
Como medida imediata, aparentemente serão realizados “trabalhos de engenharia” para impermeabilizar o terreno na parte alta do Cerro Rico. Poderão impermeabilizar o terreno, mas a exploração é um fato. Segundo o vice-ministro, há crateras em outras seis áreas.
Erosão pela exploração
O desmoronamento resultou do desabamento de milhares de toneladas de terra, por conta da erosão provocada pela longa exploração do Cerro Rico de Potosí, através de cooperativas particulares de mineiros. A extração mineira, que provocou isto, continua com as mesmas técnicas desde os tempos da dominação colonial espanhola, na região, até hoje.
A significativa reserva mineral do cerro foi descoberta de maneira acidental. Desde então, e até o século XIX, os conquistadores espanhóis extraíram de suas entranhas cerca de 60 bilhões de toneladas de ouro, suficiente para fazer uma ponte entre a andina Potosí e Madri, capital metropolitana, de acordo com o escritor Eduardo Galeano.
Galeano afirma, em seu livro “As veias abertas da América Latina”, que em finais da décimo sexto século, Potosí era a terceira cidade mais povoada do mundo, atrás de Paris e Londres, devido a sua próspera economia da prata. “Com este metal, pavimentaram as ruas da cidade mineira, abasteceram a Europa renascentista e financiaram a expedição da Armada Invencível espanhola contra a Inglaterra de Isabel I, em 1588. Ou seja, financiaram suas guerras particulares à custa da vida dos povos originários e da sobre-exploração da terra”.
Já não se trata da vida de miséria que durante anos os mineiros levaram, mastigando entre a coca suas penas e a exploração. Hoje em dia, trata-se da destruição inteira de um cerro em benefício da ostentação, o poderio e a violência dos exploradores.
No ano de 2012, a população boliviana observa, depois de 500 anos, o princípio de desabamento de um cerro maldito, que desatou uma das maiores fúrias de ambição da história das conquistas, e que derramou uma quantidade de sangue incalculável em volta de todos estes longos anos de lutas.
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A ruína do legendário Cerro Rico de Potosí, na Bolívia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU