15 Outubro 2012
O último mea culpa em ordem de tempo foi feito pelo chamado "papa negro", o superior dos jesuítas. "A nova evangelização – disse o padre Adolfo Nicolás – deve aprender com os aspectos bons e menos bons da primeira evangelização. Parece-me que nós, missionários, não fizemos isso com a profundidade necessária. Buscamos as manifestações ocidentais da fé e não descobrimos de que maneira Deus atuou junto a outros povos. E todos nos empobrecemos com isso".
A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 12-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O Sínodo sobre a nova evangelização foi aberto no último domingo, e no Vaticano a discussão está em pleno desenvolvimento. Entre os bispos prevalecem acentos autocríticos. Dom Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Nova Evangelização, na sua intervenção, disse: "Encerramo-nos em nós mesmos. Mostramos uma autossuficiência que impede que nos aproximemos como uma comunidade viva e fecunda, que gera vocações, de tanto que burocratizamos a vida de fé e sacramental".
Ainda mais duro foi o arcebispo filipino Sócrates Villegas: "Por que em algumas partes do mundo há uma forte onda de secularização, uma tempestade de antipatia ou pura e simplesmente indiferença com relação à Igreja? A nova evangelização requer uma nova humildade. O Evangelho não pode prosperar no orgulho. A evangelização foi ferida e continua sendo obstaculizada pela arrogância dos seus agentes. A hierarquia deve evitar a arrogância, a hipocrisia e o sectarismo. Devemos punir aqueles que erram entre nós, em vez de esconder os erros".
Outro grande como o cardeal Timothy Dolan, arcebispo de Nova York e presidente da Conferência dos Bispos dos EUA, relança a importância da confissão. "A resposta à pergunta 'o que há de errado com o mundo?' não é a política, a economia, o secularismo, a poluição, o aquecimento global... Não. Como escreveu Chesterton, 'a resposta à pergunta 'o que dá de errado no mundo' são duas palavras: sou eu".
Na última quinta-feira, os trabalhos do Sínodo foram suspensos para a celebração dos 50 anos do Concílio Vaticano II. E, à noite, Bento XVI surpreendeu a todos, assomando-se à janela e pronunciando a mesma frase dita por João XXIII no dia 11 de outubro de 1962, naquele que passou para a história como o "discurso à lua". No fim, ouso fazer minhas – disse Joseph Ratzinger – as palavras inesquecíveis do Papa João XXIII: vão para casa e façam uma carícia nas crianças e digam que é do papa".
"Eu também estive nesta praça há 50 anos", declarou, ele também com palavras de crítica à Igreja. "Naquela noite, estávamos felizes, cheios de entusiasmo. Nesses 50 anos, aprendemos que o pecado original existe e se traduz em pecados pessoais. Vimos que, no campo do Senhor, sempre há o joio, que na rede de Pedro também há peixes ruins, que a fragilidade humana também está presente na Igreja. Às vezes pensamos que o Senhor dorme e se esqueceu de nós".
Na missa da manhã, na abertura solene do Ano da Fé, Ratzinger dissera que, "nas décadas que nos separam do Concílio, difundiu-se uma desertificação espiritual".
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O mea culpa dos bispos no Sínodo - Instituto Humanitas Unisinos - IHU