Hildegard de Bingen, mística medieval e santa doutora da Igreja

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08 Outubro 2012

Durante a missa de abertura do Sínodo dos Bispos sobre a Nova Evangelização, Bento XVI proclamou a freira beneditina Hildegard de Bingen (1098-1179) Doutora da Igreja. Será a quarta mulher doutora da Igreja Universal depois de Teresa de Ávila, Catarina de Sena e Teresa de Lisieux.

A reportagem é de Giuseppe Brienza, publicada no sítio Vatican Insider, 07-10-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Na biografia recém-publicada sobre a mística alemã, publicada pela editora católica Città Nuova, é descrita a sua extraordinária versatilidade, já que Hildegard foi pregadora e fundadora de um mosteiro feminina, e, ao mesmo tempo, pintora, música, cosmóloga, poetisa, dramaturga, naturalista, filósofa, conselheira de pontífices e de imperadores como Frederico Barba-Ruiva (cf. Lucia Tancredi, Ildegarda, la potenza e la grazia scritta, Roma, 2012, 256 páginas).

Bento XVI, ao longo do Regina Coeli do dia 27 de maio passado, definiu-a como "autêntica mestra de teologia e profunda estudiosa das ciências naturais e da música".

Em algumas catequeses dedicadas a ela em 2010, o papa já havia se referido à sua "sabedoria espiritual e santidade de vida". Diante das observações daqueles que, na Cúria, haviam lhe apontado que a freira alemã ainda não havia sido nem beatificada, como relatou o padre Luigi Borriello em uma conferência organizada em Roma pela associação ISCOM sobre a nova doutora da Igreja, Bento XVI autorizou em um tempo muito curto aquela sua canonização "por equivalente" que, a partir do dia 10 de maio de 2012, fez dela, na prática, uma santa "de facto". Isto é, no sentido de que, exercendo a faculdade que cabe apenas ao papa, Bento XVI estendeu o seu culto litúrgico na Alemanha, onde ele é muito intenso desde sempre, para toda a Igreja universal.

Em uma conversa com o clero da diocese de Roma no primeiro ano do seu pontificado, o Santo Padre já havia evidenciado o valor também eclesial da profecia da freira alemã. Naquela ocasião, ele havia se perguntado provocativamente, para a surpresa de alguns dos prelados presentes: "Como se poderia imaginar o governo da Igreja sem essa contribuição [das mulheres], que às vezes se torna muito visível, como quando Santa Hildegard critica os bispos?".

O próprio Borriello, que colaborou com a Congregação vaticana dos Santos para a "causa" de Hildegard como especialista da sua obra mística (ele editou, por exemplo, a tradução italiana do Liber scivias, um de seus escritos mais importantes, cf. Conosci le vie, Libreria Editrice Vaticana, Cidade do Vaticano, 2002), recordou como a freira também foi defensora da autonomia religiosa e civil dos conventos em que ela era madre superiora. Com isso, ela também refutou ainda mais a versão de uma Igreja medieval que aniquilou a figura feminina, ainda levada adiante por alguns autores.