27 Setembro 2012
O modelo adotado para a redução das tarifas de energia elétrica e a renovação das concessões não está correto, diz Luiz Pinguelli Rosa, ex-presidente da Eletrobrás e diretor da Coppe, instituto de engenharia da UFRJ (Universidade Federal do Rio).
A reportagem é de Tatiana Freitas e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 27-09-2012.
Para ele, reduzir drasticamente a receita das empresas comprometerá a capacidade de investimento e a qualidade dos serviços.
Eis os principais trechos da entrevista.
Redução das tarifas
Acho que isso não está bem feito, me preocupa. Veja bem, não sou contra o princípio. Cortar tarifa é bom, mas é preciso ver como fazer isso para manter a integridade do lucro das empresas.
Redução, "downsizing" de empresa, de tempos em tempos, é até possível de fazer. Mas não sem critério. E não estou vendo critério algum, nem nesse cálculo que fizeram para chegar à conclusão de quanto deve-se remunerar [as usinas].
Demissões
Tenho medo de que as novas regras comprometam a competência técnica. Cortes de receita de empresas acabam refletindo em corte de pessoal competente. E eu temo que essa competência acumulada em anos seja dissolvida, como vi acontecer na privatização.
Algumas empresas vão ser penalizadas, como a Chesf, que é muito importante no Nordeste, Furnas no Sudeste, Copel no Sul e no Oeste, a Cemig. [Furnas já anunciou corte de 35% de seu pessoal]
Remuneração
Nós adotamos o sistema de remuneração das empresas pelo preço de mercado [e não pelo custo de operação] desde a reforma do FHC. E o Lula não mudou.
As empresas continuaram ganhando muito dinheiro. Alguns contratos de transmissão foram muito generosos. Algumas termelétricas ganharam dinheiro paradas, sem funcionar.
Parece que o governo quer voltar à filosofia de remuneração pelo custo. Mas tenho medo de agora penalizar as hidrelétricas em nome da pressão da Fiesp [Federação das Indústrias de São Paulo].
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'Governo põe em risco futuro das elétricas', afirma Luiz Pinguelli Rosa - Instituto Humanitas Unisinos - IHU