14 Setembro 2012
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 8, 27-35 que corresponde ao 24º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
Eis o texto
O episódio de Cesareia de Filipo ocupa um lugar central no evangelho de Marcos. Depois de certo tempo de convívio com Ele, Jesus faz aos Seus discípulos uma pergunta decisiva: “¿Quem dizeis que Eu sou?”. Em nome de todos, Pedro responde sem dúvidas: “Tu és o Messias”. Por fim parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por Deus e os discípulos seguem-no para colaborar com Ele.
Jesus sabe que não é assim. Todavia falta-lhes aprender algo muito importante. É fácil confessar a Jesus com palavras. Porém, não sabem o que significa segui-Lo de perto partilhando o Seu projeto e o Seu destino. Marcos diz que Jesus “começou a instruí-los”. Não é um ensinamento mais, mas algo fundamental que os discípulos terão de ir assimilando pouco a pouco.
Desde o princípio lhes fala “com toda a clareza”. Não lhes quer ocultar nada. Eles têm que saber que o sofrimento os acompanhará sempre em sua tarefa de abrir caminhos para o reino de Deus. No final, será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Só ao ressuscitar se verá que Deus está com Ele.
Pedro revolta-se ante o que está a ouvir. A sua reação é incrível. Toma Jesus consigo e afasta-se para “repreender”. Tinha sido o primeiro a reconhecê-lo como Messias. Agora é o primeiro em repeli-lo. Quer fazer compreender a Jesus que o que diz é absurdo. Não está disposto a seguir esse caminho. Jesus há de mudar essa forma de pensar.
Jesus reage com uma dureza desconhecida. De repente vê em Pedro os traços de Satanás, o tentador do deserto que procura afastar as pessoas da vontade de Deus. Volta-se de cara para os discípulos e repreende literalmente Pedro com estas palavras: “Afasta-te de mim, Satanás”: volta a ocupar o teu lugar de discípulo. Deixa de tentar-Me. “Tu pensas como os homens, não como Deus”.
Depois chama as pessoas e os Seus discípulos para que escutem bem as Suas palavras. Repete-as em diversas ocasiões. Nunca irão esquecê-las. “O que queira vir comigo, que se negue a si mesmo, que carregue com a sua cruz e que me siga”.
Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre de cada um. Mas temos de levar Jesus a sério. Não chegam confissões fáceis. Se quisermos segui-lo na sua tarefa apaixonante de fazer um mundo mais humano, digno e ditoso, temos de estar dispostos a duas coisas.
Primeiro, renunciar a projetos ou planos que se opõem ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem atingir por seguir Jesus e identificar-nos com a Sua causa.
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Levar a sério Jesus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU