Levar a sério Jesus

Mais Lidos

  • O economista Branko Milanovic é um dos críticos mais incisivos da desigualdade global. Ele conversou com Jacobin sobre como o declínio da globalização neoliberal está exacerbando suas tendências mais destrutivas

    “Quando o neoliberalismo entra em colapso, destrói mais ainda”. Entrevista com Branko Milanovic

    LER MAIS
  • Abin aponta Terceiro Comando Puro, facção com símbolos evangélicos, como terceira força do crime no país

    LER MAIS
  • A farsa democrática. Artigo de Frei Betto

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

14 Setembro 2012

A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 8, 27-35 que corresponde ao 24º Domingo do Tempo Comum, ciclo B do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.

Eis o texto

O episódio de Cesareia de Filipo ocupa um lugar central no evangelho de Marcos. Depois de certo tempo de convívio com Ele, Jesus faz aos Seus discípulos uma pergunta decisiva: “¿Quem dizeis que Eu sou?”. Em nome de todos, Pedro responde sem dúvidas: “Tu és o Messias”. Por fim parece que tudo está claro. Jesus é o Messias enviado por Deus e os discípulos seguem-no para colaborar com Ele.

Jesus sabe que não é assim. Todavia falta-lhes aprender algo muito importante. É fácil confessar a Jesus com palavras. Porém, não sabem o que significa segui-Lo de perto partilhando o Seu projeto e o Seu destino. Marcos diz que Jesus “começou a instruí-los”. Não é um ensinamento mais, mas algo fundamental que os discípulos terão de ir assimilando pouco a pouco.

Desde o princípio lhes fala “com toda a clareza”. Não lhes quer ocultar nada. Eles têm que saber que o sofrimento os acompanhará sempre em sua tarefa de abrir caminhos para o reino de Deus. No final, será condenado pelos dirigentes religiosos e morrerá executado violentamente. Só ao ressuscitar se verá que Deus está com Ele.

Pedro revolta-se ante o que está a ouvir. A sua reação é incrível. Toma Jesus consigo e afasta-se para “repreender”. Tinha sido o primeiro a reconhecê-lo como Messias. Agora é o primeiro em repeli-lo. Quer fazer compreender a Jesus que o que diz é absurdo. Não está disposto a seguir esse caminho. Jesus há de mudar essa forma de pensar.

Jesus reage com uma dureza desconhecida. De repente vê em Pedro os traços de Satanás, o tentador do deserto que procura afastar as pessoas da vontade de Deus. Volta-se de cara para os discípulos e repreende literalmente Pedro com estas palavras: “Afasta-te de mim, Satanás”: volta a ocupar o teu lugar de discípulo. Deixa de tentar-Me. “Tu pensas como os homens, não como Deus”.

Depois chama as pessoas e os Seus discípulos para que escutem bem as Suas palavras. Repete-as em diversas ocasiões. Nunca irão esquecê-las. “O que queira vir comigo, que se negue a si mesmo, que carregue com a sua cruz e que me siga”.

Seguir Jesus não é obrigatório. É uma decisão livre de cada um. Mas temos de levar Jesus a sério. Não chegam confissões fáceis. Se quisermos segui-lo na sua tarefa apaixonante de fazer um mundo mais humano, digno e ditoso, temos de estar dispostos a duas coisas.

Primeiro, renunciar a projetos ou planos que se opõem ao reino de Deus. Segundo, aceitar os sofrimentos que nos podem atingir por seguir Jesus e identificar-nos com a Sua causa.