12 Setembro 2012
Poucos dias depois de estrear na campanha do petista Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo, a senadora Marta Suplicy (PT-SP) foi convidada pela presidente Dilma Rousseff para se tornar a próxima ministra da Cultura. O anúncio foi feito ontem pelo Palácio do Planalto, e a posse de Marta foi agendada para a manhã desta quinta-feira. Ana de Hollanda é o 13º ministro a deixar o governo desde o início da atual administração.
A reportagem é de Fernando Exman e Bruno Peres e publicada pelo jornal Valor, 12-09-2012.
Apesar do fator político-eleitoral, autoridades do Palácio do Planalto afirmam que a mudança deve-se a insatisfações de Dilma com a gestão de Ana de Hollanda. A ministra, irmã do cantor e compositor Chico Buarque, recebeu diversas críticas de petistas e se indispôs com alas da classe artística. No entanto, o fator decisivo que minou a sustentação política da agora ex-ministra foi a divulgação de uma carta de Ana de Hollanda endereçada à ministra do Planejamento, Miriam Belchior, com queixas sobre a falta de recursos da Pasta. Na visão de integrantes do governo, o texto teria sido uma manobra de Ana de Hollanda para justificar a falta de realizações de sua gestão.
Segundo auxiliares da presidente, o plano original do governo era realizar a troca após o segundo turno das eleições municipais de outubro, justamente para evitar que a substituição fosse relacionada à campanha paulistana. No entanto, dizem as autoridades do Palácio do Planalto, o vazamento da informação pela manhã de ontem teria precipitado a medida. Em uma rápida audiência no início da tarde, Dilma comunicou sua decisão à subordinada.
Marta Suplicy disse que recebeu o convite formal para substituir Ana de Hollanda por meio de um telefonema enquanto presidia uma sessão do Senado, no meio da tarde. A parlamentar, primeira vice-presidente da Casa, esforçou-se para afastar a ligação entre sua nomeação e a campanha eleitoral. Ela desistiu de concorrer novamente à Prefeitura de São Paulo após uma forte pressão do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para que o candidato do PT ao cargo fosse o ex-ministro da Educação Fernando Haddad, o qual representaria a renovação do partido na capital paulista. A própria presidente Dilma chegou a pedir à senadora que não lançasse uma pré-candidatura ao cargo.
Em rápida entrevista a jornalistas, Marta negou que o convite represente uma compensação por sua decisão de aderir à campanha de Haddad. "Não. Nunca foi falado isso. Não tem essa ligação", respondeu Marta após deixar o plenário do Senado.
A parlamentar também sublinhou que não se afastará da campanha do correligionário devido aos seus novos afazeres. "Eu vou continuar trabalhando com a proposta: eu faço todos os comícios, como eu combinei com ele. Tudo igual. Eu entrei na campanha na hora em que eu achei que faria a diferença", destacou. "Desde o começo da campanha do Haddad eu disse que na hora em que fosse fazer a diferença eu entraria, e eu entrei."
Por outro lado, Marta evitou comentar a gestão de sua antecessora e antecipar algumas das políticas que pretende implementar à frente da Pasta. "Eu não tenho como avaliar nenhum desempenho de nenhum ministério e não me proporia a fazê-lo sem estudar", disse a senadora, evitando polêmicas. "Eu vou estudar o ministério. Eu não vou me pronunciar sobre nada sem ter conhecimento. Eu vou, com muita humildade, estudar as grandes questões desse ministério."
A nomeação de Marta para o Ministério da Cultura deve abrir uma nova disputa pelo cargo de primeiro vice-presidente do Senado. Segundo o regimento da Casa, uma nova eleição deve ser feita. O PT, entretanto, afirma que a tradição da proporcionalidade entre os partidos lhe dá o direito de continuar ocupando o posto. "A vaga é do PT", afirmou o líder do partido no Senado, Walter Pinheiro (BA), acrescentando que ainda não há definições sobre candidatos. O primeiro suplente de Marta é o vereador de São Paulo Antonio Carlos Rodrigues (PR).
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Depois de apoio a Haddad, Marta será ministra da Cultura - Instituto Humanitas Unisinos - IHU