Dilma cobra ministras por acordo sobre Código

Mais Lidos

  • Alessandra Korap (1985), mais conhecida como Alessandra Munduruku, a mais influente ativista indígena do Brasil, reclama da falta de disposição do presidente brasileiro Lula da Silva em ouvir.

    “O avanço do capitalismo está nos matando”. Entrevista com Alessandra Munduruku, liderança indígena por trás dos protestos na COP30

    LER MAIS
  • Dilexi Te: a crise da autorreferencialidade da Igreja e a opção pelos pobres. Artigo de Jung Mo Sung

    LER MAIS
  • Às leitoras e aos leitores

    LER MAIS

Revista ihu on-line

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

Entre códigos e consciência: desafios da IA

Edição: 555

Leia mais

31 Agosto 2012

Inconformada com o acordo feito no dia anterior na Câmara entre o relator do Código Florestal, senador Luiz Henrique (PMDB-SC), e a bancada ruralista, a presidente Dilma Rousseff cobrou ministros por meio de um bilhete, flagrado por fotógrafos, durante reunião do Conselho Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social, o Conselhão, na manhã de ontem, no Planalto.

"Por que os jornais estão dizendo que houve um acordo ontem no Congresso sobre o Código Florestal e eu não sei de nada?", reclamou a presidente, em bilhete endereçado às ministras Izabella Teixeira, do Meio Ambiente, e Ideli Salvatti, das Relações Institucionais, mas entregue primeiro a Ideli pelo chefe do cerimonial da Presidência.

A reportagem é de Tânia Monteiro, Rafael Moraes e Denise Madueño e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 31-08-2012.

"Não houve acordo com o Congresso e o governo. A posição do governo era de defesa da MP com foco especial na 'escadinha' (mais informações nesta pág.). O relatório votado manteve a escadinha", explicou Izabella, na parte que pôde ser registrada pelas câmeras. Ideli também respondeu, mas a mensagem não foi captada.

Em seguida, em discurso, Dilma afirmou: "O governo não assume responsabilidade por negociações que não foram feitas com a presença dele". E ressalvou que "o governo está aberto a negociações". Também disse que "considera importantes alguns itens da MP, entre eles o que chamamos de escadinha. E não vê motivos econômicos para que não mantenhamos as áreas de proteção ambiental ao longo do leito dos rios, perenes ou não".

Dilma quer que, no Senado, a base governista retome o texto original da MP, com uma área maior de recomposição ambiental na beira dos rios.

Após a cerimônia, em entrevista, Izabella disse que "o governo continuará o diálogo e tentará ver como vai corrigir isso". Lembrou que a MP do governo fazia um "equilíbrio entre o social e o ambiental". Para ela, o resultado da votação "foi um retrocesso do ponto de vista de recuperação ambiental, porque iguala os grandes proprietários aos pequenos".

Ideli, em nota, afirmou que, durante a tramitação do texto, todos os ministérios envolvidos "sempre deixaram claro que o ideal era manter a proposta original da MP 571". Ela justificou que, nas conversas ao longo do dia com parlamentares da comissão, em especial o presidente e o relator da matéria, foi reafirmado que a posição do governo era pela manutenção sem alteração do item 61-A, que se referia à escadinha, alterado pelos deputados. Para Ideli, "esse item produz equilíbrio socioambiental ao determinar que todos precisam recuperar áreas de preservação, mas quem tem mais terras, deve recuperar mais".

O relator da MP fez outra mudança no texto de ontem, atendendo os ruralistas, principalmente de Mato Grosso e Tocantins, Estados da Amazônia Legal. A mudança reduziu a área de recomposição no Cerrado amazônico, que passou a ser beneficiado com a regra que limita em 25% o total do imóvel para recuperação da vegetação, no caso de médias propriedades. Toda a Amazônia Legal seguia regras mais rígidas. Com a mudança, apenas áreas de florestas da Amazônia Legal ficam excluídas do limite de 25%.