22 Agosto 2012
Não é suficiente acolher as pessoas homossexuais (o que é o mínimo): é preciso também dar razão à sua demanda de serem reconhecidas na especificidade da sua vida efetiva e amorosa.
A opinião é do engenheiro e economista francês Bernard Perret, antigo membro do grupo Paroles, que divulga posições públicas de personalidades católicas sobre questões de sociedade e de atualidade. É o autor de Pour une raison écologique (Flammarion, 2011) e Un société en mal d'utopie (Desclée de Brouwer, 2009). O artigo foi publicado no sítio da revista La Vie, 17-08-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Eis o texto.
Sobre o assunto da "Oração pela França" do dia 15 de agosto, eu vou não dizer nada sobre o contexto político, para nos poupar longas e inúteis considerações, e irei direto ao ponto mais importante a meu ver. Parece-me que as advertências da Igreja sobre a homoparentalidade têm uma maior chance de serem entendidas se fossem acompanhadas por um discurso positivo com relação ao que os casais homossexuais vivem.
Não é suficiente acolher as pessoas homossexuais (o que é o mínimo): é preciso também dar razão à sua demanda de serem reconhecidas na especificidade da sua vida efetiva e amorosa. Ao invés de argumentar longamente, quero compartilhar com vocês uma experiência que me fez refletir muito.
Alguns anos atrás, fui convidado para almoçar com um colega de escola que eu não via há muito tempo, com quem me cruzei por ocasião de uma reunião. Ao longo daquele almoço, ele me falou longamente e com emoção sobre a sua descoberta do amor e da sua vida de casal com um amigo do mesmo sexo.
Não estando preparado para ouvir isso, eu tive que manifestar um mal-estar e uma frieza que pesaram sobre a continuidade do almoço e que contribuiu para pôr fim aos nossos encontros depois daquele promissor reencontro. Retrospectivamente, me desagrada muito ter arruinado esse encontro por causa do que se deveria chamar de homofobia, ou seja, uma mistura de medo e de desprezo contra uma realidade humana percebida como estranha, incompreensível e maléfica. E eu culpo a Igreja Católica por ter, ao menos indiretamente, encorajado essa reação.
Queira-se ou não, é a questão do respeito pela alteridade que está posta através da reivindicação de instituir o casamento gay. Parece-me que a Igreja Católica não pode se isentar disso: estamos prontos para reconhecer a autenticidade e o valor do amor vivido pelos casais homossexuais?
Certamente, seria desejável que esse reconhecimento não passasse através do acesso ao casamento, mas sem dúvida é tarde demais para se opor a isso. Estaríamos em uma melhor posição para combater essa solução se não tivéssemos, nós mesmos, contribuído para encerrar os homossexuais em uma lógica de guerra pelo reconhecimento.
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Acolher a homossexualidade através do respeito pela alteridade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU