14 Agosto 2012
A história dos concílios da Igreja foi sempre articulada e densa de surpresas, teológicas e humanas, mas infelizmente, também políticas. Contudo uma certeza sempre guiou os trabalhos dos Padres conciliares e dos peritos: o Espírito sopra, anima mas também acalma as tempestades.
A análise é da irmã carmelita descalça Cristiana Dobner, tradutora e doutora em teologia, em artigo publicado no jornal L'Osservatore Romano, 03-08-2012.
Com o Vaticano II o sopro de novidade, na história da humanidade e da Igreja, foi realmente inédito: 23 mulheres estiveram presentes, convocadas no dia 8 de setembro de 1964 por Paulo VI como auditoras e, por isso mesmo, configuradas por um advérbio que lhes teria limitado as tarefas mas, talvez, aumentado a responsabilidade: "simbolicamente".
A ruptura com os séculos passados no entanto cumpriu-se. Adriana Valerio (Madri del Concilio. Ventitré donne al Vaticano II, Roma, Carocci Editore, 2012, 165 páginas) apresenta as personalidades das 23 convocadas, com trajes e véus pretos, narrando as vicissitudes que serviram como corolário da sua presença silenciosa na sala mas também das suas intervenções reais e concretas.
Devemos um agradecimento profundo ao Papa que conseguiu romper a barreira secular, embora as tenha confinado a um papel modesto, porque a partir deste início, deliberadamente desejado, nasceu uma descendência numerosa e qualificada. A fenda abriu-se, o florescimento continua.
Os próprios Padres conciliares denominaram as mulheres presentes "mães", com muito humor; sem se dar conta da implicação profunda disto? Estas mulheres-mães marcam a aresta duas concepções da mulher: uma que a considera confinada às tarefas domésticas e de ajuda de baixo perfil e a outra que a considera na sua inteira potencialidade de inteligência e de atenção, compreendidas como entendeu a padroeira da Europa Edith Stein, como capacidade de escutar o outro e de o saber acolher.
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As mães do Concílio Vaticano II - Instituto Humanitas Unisinos - IHU