Eterna, Evita vai ter rosto em notas argentinas

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26 Julho 2012

A antiga primeira-dama argentina Eva Perón (1919-1952) irá substituir o general e presidente Julio Roca (1843-1914) na nota de 100 pesos, por ordem da presidente Cristina Kirchner, dada ao vivo em um pronunciamento ontem à noite.

A reportagem é de Cesar Felicio e publicada pelo jornal Valor, 26-07-2012.

Hoje é o sexagésimo aniversário da morte de "Evita", ícone político do peronismo. A nova nota será feita pela Casa da Moeda, e não pela gráfica Ciccone. A terceirização da emissão das cédulas, marca da gestão do hoje vice-presidente Amado Boudou à frente do Ministério da Economia, deu origem a um escândalo que comprometeu o futuro político de Boudou, no início do ano. Pesa sobre o vice-presidente a suspeita de operar a gráfica privada por meio de prepostos. "Quem tem que emitir dinheiro é o Estado", disse Cristina. Atualmente a Casa da Moeda emite documentos.

A nova nota é baseada no desenho de uma outra, concebida logo após a morte de Eva Perón, que não chegou a circular. Na face com a efígie da antiga primeira-dama está estampada uma grande flor e uma balança, símbolo da justiça. Na contraface, há o desenho de uma divindade feminina. A previsão inicial era que a cédula de Evita fosse apenas comemorativa, mas Cristina ordenou ao responsável pela Casa da Moeda, o ministro do Interior, Florencio Randazzo, que a nova nota substitua a atual, que estampa o rosto do presidente Julio Roca (1843-1914). A nota de cem pesos é a de maior valor na Argentina.

Roca foi um general que, alguns anos antes de chegar à Presidência, comandou a ocupação militar da Patagônia, em um episódio conhecido como "Campanha do Deserto", marcado por atrocidades contra populações indígenas. As alas mais radicais do kirchnerismo há muitos anos tentam remover as homenagens feitas a Roca. "Não quero entrar em nenhuma polêmica, mas é preciso reparar as injustiças que cometemos contra nós mesmos. Eva pesa quatro toneladas na balança da justiça social", disse Cristina.

Eva Perón morreu de câncer aos 33 anos, em 26 de julho de 1952, no momento em que seu então marido, Juan Domingo Perón, exercia a Presidência e estava no auge de sua força política. Cristina é a quarta presidente peronista depois da morte do fundador da corrente política, mas a primeira que prefere cultuar a memória de sua esposa, relegando Perón a um segundo plano. Chegou a criticá-lo, ao tomar posse em seu segundo mandato.

Ontem, ao lançar a nota, Cristina explicou-se. "Perón era um militar com grande formação teórica, Eva tinha a inteligência do coração." Para o ato, realizado na Casa Rosada em clima de festa partidária, a presidente convocou toda a cúpula patronal da Argentina, inclusive das entidades industriais e financeiras.