Principal fornecedora de softwares empresariais para grandes companhias no Brasil, a alemã SAP está empenhada em provar que também tem competência para crescer as pequenas e médias empresas. Impulsionada pelo pacote de sistemas para computação em nuvem "SAP Business One On Demand", lançado em abril no mercado brasileiro, a meta é dobrar o número de clientes e a receita nesse segmento até 2015 em relação aos níveis atuais, disse ontem o presidente da SAP no Brasil, Luís César Verdi.

A reportagem é de Sérgio Ruck Bueno e publicada pelo jornal Valor, 17-07-2012.

Segundo o executivo, 2,8 mil dos 4 mil clientes da SAP no país são de pequeno e médio portes, segmento que cresceu 32% em faturamento com licenças de software em 2011 em toda a América Latina, ante a alta geral de 22% na região no mesmo período. Ele não revelou quantos clientes aderiram aos sistemas em nuvem, mas disse que já foram fechados "vários contratos" sob a nova tecnologia, incluindo o uso de sistemas de gestão de contratos, de compras e de recursos humanos. Na América Latina são 12 mil clientes, o equivalente a cerca de 6% da carteira global da companhia.

Verdi participou ontem do anúncio do investimento de R$ 50 milhões na expansão do laboratório de desenvolvimento na América Latina, o SAP Labs Latin America, no parque tecnológico da universidade Unisinos, em São Leopoldo (RS). A unidade atual, criada em 2009, exigiu aporte de R$ 41 milhões e emprega 523 pessoas, incluindo 80 estagiários. Com a ampliação, que será concluída em agosto de 2013, a companhia pretende chegar a 2015 com um quadro de mil pessoas.

"Os pedidos mostram que há um significativo interesse pelo serviço [em nuvem]", disse o presidente do SAP Labs Latin America, Stefan Wagner. Segundo Verdi, a tecnologia é uma forma simplificada e mais barata de acesso aos softwares da companhia, com uma mensalidade mínima de R$ 149 por usuário. Segundo o executivo, o centro em São Leopoldo reúne uma equipe de 40 pessoas dedicadas à prestação de suporte a este serviço para as Américas do Sul, Central e do Norte.

O anúncio de ontem deve ser o último ato de Verdi no comando da operação no Brasil. Ele evitou comentar o assunto, mas até o fim da semana a expectativa é que seja substituído pelo argentino Diego Dzodan, atual diretor para o México e a América Central. Verdi assumirá a unidade de desenvolvimento e inovação da companhia para a América Latina. "Estamos aqui para celebrar este evento importante no laboratório e vou ter muita alegria em lhes comunicar as mudanças que estamos promovendo mais ao fim desta semana", disse.

O laboratório no Rio Grande do Sul, o único da SAP na América Latina, faz parte de uma rede de 15 unidades no mundo e é focado na adaptação e suporte técnico de softwares para a região, treinamento de parceiros comerciais e desenvolvimento de sistemas de acordo com legislações locais. A unidade também trabalha na criação de sistemas de "computação em memória", para análise mais rápida de grandes volumes de dados. Até o fim do ano, a SAP deve lançar um produto para processamento da nota fiscal eletrônica. "Esse é o foco do momento em termos de tecnologia", disse Wagner.