Cristina enfrenta sua primeira greve geral na Argentina

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27 Junho 2012

A presidente da Argentina, Cristina Kirchner, deverá enfrentar hoje a sua primeira greve geral, convocada pela CGT. A central sindical, comandada pelo líder do sindicato dos caminhoneiros, Hugo Moyano, não convocava uma paralisação desde 2001. O protesto terá caráter parcial: os principais sindicatos, como o de metalúrgicos, o dos comerciários, o dos eletricitários e o da construção civil, conhecidos na Argentina como "os gordos", não deverão aderir.

A informação é publicada pelo jornal Valor, 27-06-2012.

Moyano contará com os caminhoneiros, categoria que na Argentina reúne todos os serviços de transporte, com a exclusão do de passageiros. Também estarão com ele os servidores do Judiciário, bancários, estivadores, ferroviários, trabalhadores de bares, hotéis e restaurantes e pilotos aéreos. A reivindicação central é a correção da tabela de isenção do imposto de renda, que não foi reajustada neste ano, apesar da inflação extraoficial da ordem de 25% ao ano. Mas a mobilização é uma demonstração para mapear as forças que cada ramo do sindicalismo conta para as próximas eleições da CGT.

Moyano tenta a recondução para um novo mandato em 12 de julho, contra o líder metalúrgico Antonio Caló. Sem maioria no próximo congresso, seus opositores tentam convencer Cristina a intervir, anulando as eleições. O líder sindical tentará colocar 100 mil pessoas na Praça de Maio, em frente à Casa Rosada, mas a presidente estará a milhares de quilômetros dali. Cristina providenciou uma agenda de trabalho na província de San Luis, a única em que não venceu ao se reeleger nas eleições de 2011.

Ontem, a presidente lançou um programa de crédito consignado para aposentados e deixou claro que não deve reajustar a tabela de isenção. Pela primeira vez, admitiu que vive um cenário de restrição econômica. "Estamos em uma situação quase igual à de 2009, quando também não subimos a isenção, por uma necessidade fiscal de injetar dinheiro para reaquecer a economia", afirmou.

Ela ainda anunciou que a manifestação não contará com policiamento militar, ou a "gendarmeria". "Instruí para que não haja pessoal de segurança por onde transitem os trabalhadores, porque não é justo que eles sejam insultados ou agredidos. E digo aos juízes: vão ter que me processar, porque eu não vou permitir que nenhum policial saia", disse.

Segundo o cientista político Julio Burdman, da consultoria Analytica, o protesto de amanhã tende a fortalecer Moyano. "Está mais fácil fazer oposição a Cristina, já que a presidente está em um processo de queda de popularidade desde a sua eleição e o clima de conflitividade social no país aumentou. Ele conta com o favoritismo no congresso da CGT, caso não haja uma intervenção do governo", disse.

É certo que Moyano não manterá a CGT unida após o congresso de julho. A ala opositora, liderada pelos "gordos", deve deixar a central. A divisão da CGT já ocorreu em diversos momentos, sempre levando a um aumento dos conflitos laborais. "Será estabelecida uma competição para saber quem é mais radical, o que é péssimo para o setor empresarial", opinou Burdman.