20 Junho 2012
Em Assis, políticos, economistas, associações e organizações do terceiro setor estão reunidos para refletir sobre como sair da crise.
A reportagem é de Giacomo Galeazzi, publicada no sítio Vatican Insider, 18-06-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Ele exulta pelo voto grego, mas adverte que o caminho ainda é difícil para a Europa. O superministro italiano das atividades produtivas e de infraestrutura, Corrado Passera, chegou nesse domingo e dormiu em um convento.
Depois, nessa segunda-feira de manhã, rezou diante do túmulo de São Francisco e, acompanhado pelo padre guardião Giuseppe Piemontese, encontrou os freis de todas as quatro famílias franciscanas.
A receita anticrise é secular e foi escrita por São Francisco. Entre decretos de desenvolvimento e financeiros para salvar o euro, a economia social de mercado e a doutrina social da Igreja se tornam um modelo e um campo de provas para a ação do governo.
E assim, sob a égide do pensamento econômico franciscano, na manhã dessa segunda-feira, o Sacro Convento se transformou em um insólito fórum político-financeiro, pondo em debate a pregação do Poverello de Assis com as atuais estratégias dos governantes nacionais e europeus contra a recessão.
Enfim, a economia não é só bancos e mercados, mas especialmente bem comum.
Na cidade da paz, sindicalistas, economistas e cientistas políticos (Stefano Zamagni, Dario Antiseri), políticos (Rosi Bindi, Gaetano Quagliariello), responsáveis pelo voluntariado, debatem com o ministro do Desenvolvimento Econômico, Corrado Passera, um dos mais atentos (no governo técnico do primeiro-ministro Mario Monti) às transformações do quadro político nacional.
Para muitos, Passera é o líder ideal daquela "coisa branca", o projeto para uma casa comum dos moderados que, ainda nos Estados gerais católicos de Todi, foi visto na vanguarda. Para ouvi-lo, acorreram os líderes do associacionismo eclesial italiano, começando pelo secretário-geral da Retinopera, Vincenzo Conso.
"A Grécia está dizendo: queremos conseguir. Portanto, a votação desse domingo é seguramente positivo", disse Passera às margens do congresso “Uma contribuição franciscana para a superação da atual crise econômica”. "O voto de Atenas – disse o ministro – nos confirma o que todos nós sempre pensamos, isto é, que Atenas pode e deve permanecer dentro da zona do euro e deve ser ajudada a superar um período realmente difícil".
Quem explica o significado do encontro econômico hospedado na fortaleza mundial da espiritualidade é um dos palestrantes mais renomados, o professor Stefano Zamagni, presidente da Autoridade para o Terceiro Setor e colaborador de Bento XVI na encíclica social que abordou (e em parte antecipou) os atuais desafios da globalização.
"Nessa situação de crise, o Sacro Convento de Assis considerou que devia dar a sua contribuição", disse o economista. "Além disso, desde 1300, os primeiros economistas são todos os franciscanos, e a sua escola foi a primeira escola econômica da história. Foram os freis que elaboraram a teoria e as instituições econômicas do mercado, assim como os primeiros bancos".
Além disso, destaca Zamagni, exatamente agora que o sistema bancário acabou em uma tempestade em meio mundo, poucos se lembram de que "o primeiro monte de piedade foi criado pelos franciscanos na Perugia, em 1462, e, em pouco tempo, os freis os criaram às dezenas". Antes, o empréstimo a juros era proibido: foram os seguidores de São Francisco que o "reabilitaram".
Praticamente todas as estruturas teóricas e práticas do mercado brotaram da escola franciscana, como, por exemplo, a sistematização da partida dobrada pelo padre Luca Pacioli. O futuro, em suma, afunda suas raízes em um passado que tem muito a ensinar. "A partir de 1600, o pensamento dos franciscanos deu lugar ao dos jesuítas e principalmente deu lugar às mudanças provocadas pelo início da revolução industrial", aponta Zamagni. "A economia deixou de ser orientada para ao bem comum e começou, desde então, a ter como fim a maximização do lucro de alguém".
Assim, o desvio individualista que se tornou hoje o superpoder dos mercados financeiros teve o seu ponto de partida na "caça" aos economistas franciscanos. "Com a revolução industrial, o lucro individual levou a melhor sobre o bem comum", indica Zamagni. "Agora, com a crise de porte epocal que estamos vivendo, percebemos que os discípulos de São Francisco tinham razão: para resolver os problemas, é preciso convocar novamente o bem comum".
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A lição franciscana para uma economia a serviço do ser humano - Instituto Humanitas Unisinos - IHU