OAB-MG leva morte de JK a Comissão da Verdade

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21 Mai 2012

A recém-instalada Comissão da Verdade vai ter que se debruçar sobre diversos casos ainda nebulosos, mas terá que analisar também um processo há muito considerado encerrado. A seção mineira da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG) quer uma nova investigação sobre a morte de Juscelino Kubitschek e, para isso, enviará nos próximos dias à comissão os documentos do caso.

A reportagem é de Marcelo Portela e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 20-05-2012.

JK morreu aos 73 anos, em agosto de 1976. Segundo a versão oficial, ele foi vítima de um acidente na Via Dutra, em Resende (RJ), depois de o motorista Geraldo Ribeiro perder o controle do Opala no qual transportava o ex-presidente e bater em um caminhão na pista contrária. Na ocasião, a culpa caiu sobre Josias Nunes de Oliveira, motorista de um ônibus da Viação Cometa que teria feito Geraldo perder o controle do carro. Geraldo foi absolvido em dois julgamentos e, para familiares e amigos, o mistério permanece.

Agora, a OAB-MG quer que o caso seja devidamente esclarecido. O Estado teve acesso às 2.629 páginas que compõem o processo com a investigação da morte e que serão encaminhadas à Comissão da Verdade. E são nessas páginas que estão diversos "furos" dos responsáveis pelas investigações, segundo o advogado William Santos, da comissão de direitos humanos da OAB-MG. "Queremos que seja tudo refeito. Vamos mandar o processo e outras peças para mostrar a farsa."

Entre as peças estará um depoimento do secretário particular e amigo de JK, Serafim Jardim, de 76 anos. Ele recebeu o Estado em seu escritório em Belo Horizonte e, logo de início, também classificou a investigação sobre o acidente uma "farsa total". Depois de 20 anos de luta, Jardim conseguiu, em 1996, que o caso fosse reaberto, mas a nova investigação chegou à mesma conclusão da apuração original.

Fragmento de metal

Porém, um laudo feito a partir da exumação do corpo de Geraldo no Cemitério da Saudade, em Belo Horizonte, revelou um fragmento de metal "de forma cilindro-cônica, medindo sete milímetros de comprimento e diâmetro médio de dois centímetros" no crânio do motorista. A exumação foi feita no Instituto Médico Legal (IML) da capital mineira, mas a Polícia Civil descartou a possibilidade de o fragmento ser de um projétil. "Disseram que era prego de caixão", comentou Jardim.

A OAB afirma ainda que os responsáveis pelas investigações colheram o depoimento de apenas nove passageiros do ônibus - e nenhum deles confirmou a versão da colisão com o Opala -, sendo que havia 33 pessoas no veículo além do motorista. As fotos dos corpos do presidente e do motorista também desapareceram da documentação, diz a entidade. "Esse processo é uma incoerência do início ao fim", avalia Santos. Ele lembra que um eventual crime que tenha ocorrido já está prescrito desde 1996, mas salienta que o caso precisa ser esclarecido. Jardim diz que deposita na comissão a esperança de "corrigir a história". Os delegados responsáveis pelas ivestigações não foram localizados.

'Investigação é uma farsa total '


Amigo de JK, Serafim Jardim, hoje com 76 anos, diz que a investigação sobre a morte do ex-presidente "é uma farsa total".

Havia motivo para matar JK? O ex-presidente mantinha contatos políticos ou de alguma forma trabalhava para voltar ao poder?

O Juscelino era um democrata. Estava tranquilo e sossegado. Agora, claro, incomodado com a ditadura. Queria ver voltar novamente a democracia. E já havia alguns da área militar que queriam conversar com ele. Esses da linha-dura tinham medo de ele voltar. Acredito que quem preparou a morte foi esse pessoal.

Que avaliação o senhor faz da investigação?

É uma farsa total. Peguei o (advogado) Paulo Castelo Branco e o perito Alberto Carlos de Minas e fomos para Resende. Pedimos vista do processo e aí vimos que era uma farsa. Só a Resende fui cinco vezes, mas foi tudo arquivado.

Por que o empenho em reabrir a apuração sobre o acidente?

Não estou partindo para revanchismo. Estou tentando mostrar que, para mim, o presidente foi morto. Eu quero simplesmente a verdade. A democracia tem que mostrar quem colaborou para a morte de Juscelino.

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