Por: Jonas | 11 Mai 2012
Os motoristas de transporte público, da Bolívia, castigaram duramente os visitantes e moradores de La Paz, cidade que praticamente ficou sitiada, ontem (07/05) e hoje (08/05), pelo fechamento de ruas e avenidas com ônibus e micro-ônibus. Os motoristas convocaram esta greve, de 48 horas, para protestar contra a nova Lei Municipal de Transporte Urbano, que regulamenta o setor.
A reportagem é de Mabel Azcui, publicada no jornal El País, 08-05-2012. A tradução é do Cepat.
O desemprego obriga milhares de cidadãos caminharem quilômetros para cumprir com suas atividades diárias. Os mais afetados são os moradores de El Alto, uma cidade dormitório a 14 quilômetros do centro de La Paz. Calcula-se que mais de meio milhão de comerciantes, funcionários públicos e estudantes “baixe” diariamente no centro da sede de Governo, situada numa concavidade e rodeada por declives acentuados.
Uma destas pessoas é a jornalista Wilma Pérez, do jornal matutino La Razón. Sua casa e o jornal estão de 20 a 25 quilômetros de distância, em linha reta: da cidade de El Alto ao extremo sudeste de La Paz. “Estou indo a pé. Até agora, devo ter caminhado doze quilômetros e depois de fazer umas entrevistas, irei para a redação”, disse numa conversa telefônica.
Com maior lentidão, os passageiros que chegaram ao aeroporto internacional de La Paz – situado no centro da cidade de El Alto – enfrentaram o desafio de descer arrastando malas pelos muitos e abruptos atalhos até o centro de La Paz, de vem quando é necessário fazer uma pausa para recuperar o oxigênio, que parece faltar entre os 4.000 e os 3.600 metros de altura.
É possível, em pequenas distâncias, conseguir um táxi ou uma motocicleta para aliviar as câimbras nas pernas, mas que fazem mal para o bolso dos cidadãos. A passagem de ônibus de El Alto para a cidade de La Paz, geralmente, custa 15 centavos de euro, mas agora a tarifa para percorrer cinco ou seis ruas custa de um a dois euros e, quando é tarde da noite, até quatro euros, quase meia diária de um trabalhador.
O protesto dos motoristas das 460 linhas do transporte público visa derrubar uma lei municipal que regulariza o serviço, que até agora está sujeito às normas dos próprios motoristas e que impõe obrigações elementares em favor dos usuários, diante de abusos como a intempestiva decisão do motorista de concluir seu serviço, muito longe da parada final, ou a de cobranças adicionais para chegar ao seu destino.
Os cidadãos se queixam pela aparente passividade, tanto da polícia, como das autoridades governamentais. Fazem notar, nos meios de comunicação, que algumas unidades da polícia têm protegido lugares sem conflitos e deixado de intervir em pontos estratégicos, que estão fechados à circulação de veículos do transporte público.
O ministro do Interior, Carlos Romero, negou a passividade policial e convocou os dirigentes sindicais dos motoristas e o prefeito de La Paz, Luis Revilla, do opositor Movimento Sem Medo (MSM), para uma reunião em que seja solucionado o conflito. O ministro ofereceu aos moradores de El Alto um serviço de transporte gratuito, enquanto o conflito é resolvido. Ele também negou haja um tratamento discriminatório nestes conflitos. Acusa-se o Governo de reprimir duramente os protestos que são contra ele próprio, como aconteceu nas manifestações de médicos, professores ou universitários, enquanto permite aqueles que, como no caso dos motoristas, tem em vista os prefeitos de oposição.
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La Paz é bloqueada pela greve dos motoristas de ônibus - Instituto Humanitas Unisinos - IHU