05 Mai 2012
Estão mais uma vez à frente as outras Igrejas cristãs em vista da próxima Cúpula Internacional sobre o Clima, o Meio Ambiente e o Desenvolvimento promovido pelas Nações Unidas, que será realizada no Rio de Janeiro nos dias 20 a 22 de junho, desde aquele histórico 1992 – rebatizado de Earth Summit – que marcou o início de uma conscientização para o problema ecológico em um horizonte mundial e em que a Comunidade Europeia, juntamente com os outros, havia se comprometido, pela primeira vez, a "antecipar, prevenir e atacar na fonte todas as causas de significativa redução ou perda da diversidade biológica, tendo em conta o seu valor intrínseco e os seus valores ecológicos, genéticos, sociais, econômicos, científicos, educacionais, culturais, recreativos e estéticos". Diversidade biológica que os cristãos e cristãs leem como dom do Criador e que, portanto, deve ser protegido.
A reportagem é de Maria Teresa Pontara Pederiva, publicada no sítio Vatican Insider, 02-05-2012. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Depois de ter declarado – por ocasião de um encontro realizado em Genebra, em março – que a justiça deverá ser o princípio norteador da próxima cúpula, o CMI (Conselho Mundial de Igrejas), em um documento publicado no dia 30 de abril, apresenta as orientações da sua delegação em vista da conferência de junho próximo.
"Queremos estar presentes na Rio+20 para avaliar o que aconteceu durante os 20 anos posteriores à Rio 1992 sobre os temas da sustentabilidade e do meio ambiente. Uma perspectiva global é necessária na perspectiva de um quadro internacional para o desenvolvimento sustentável e a economia verde, os dois grandes temas da conferência", disse Guillermo Kerber, referência para as mudanças climáticas, mesmo não escondendo a esperança de que se possa ir além.
O CMI é a organização mais numerosa em nível ecumênico: ele congrega 349 Igrejas e diversas confissões presentes em mais de 110 países, representando mais de 560 milhões de cristãos e cristãs, incluindo a maior parte das Igrejas ortodoxas, anglicanas, batistas, luteranas, metodistas e reformadas, assim como muitas das Igrejas independentes. E hoje, ao contrário do início do movimento, que surgiu principalmente entre a Europa e a América do Norte, a maior parte dos membros dessas Igrejas estão na África, Ásia, Caribe, América Latina, Oriente Médio e na região do Pacífico.
Para todos os seus membros, o Conselho Mundial de Igrejas fala a uma só voz, reflete, debate e se posiciona em nível de representação unitária. E a sua delegação espera poder influenciar a discussão justamente sobre temas como a justiça global a partir de uma perspectiva de fé. Como acontece, além disso, operacionalmente, no compromisso difundido em iniciativas em países como a República Tcheca (onde atua uma organização sem fins lucrativos da Igreja ortodoxa) ou no Mianmar.
Segundo John Zarocostas, o CMI considera ainda frágil o atual rascunho das discussões previstas para o Rio, mas se compromete para um reforço nesse sentido, que inclua princípios éticos como a distribuição equitativa dos recursos, a responsabilidade e a proteção dos direitos humanos fundamentais.
Neste 2012 declarado pela ONU como o Ano Internacional das Energias Sustentáveis para Todos, o CMI encoraja as Igrejas e as comunidades a organizar momentos de reflexão e de oração sobre esse assunto, particularmente durante o chamado "Tempo para a Criação", o intervalo de tempo entre os dias 1º de setembro e 4 de outubro, dias que a Igreja ortodoxa tem dedicado há anos ao tema do meio ambiente/criação, desde o início do ano ortodoxa até a festa de São Francisco de Assis (e que, a partir de 2006, a Conferência dos Bispos da Itália retomou com o Dia da Criação, que é celebrado no dia 1º de setembro com o convite para aprofundar a reflexão e oração nas semanas posteriores).
Em preparação ao encontro da Rio+20, no dia 5 de maio, está previsto um workshop sobre as mudanças climáticas e as reservas de água na Igreja Batista de Lawibual, no Estado de Chin, no Mianmar, intitulada Connect the dots (Ligue os pontos), em que os participantes também são convidados a plantar árvores dentro do santuário. "Chegou a hora de ligar os pontos entre as mudanças climáticas e os eventos metereológicos extremos. Faça ouvir a sua voz, educa, informe-se e torne-se voluntário junto a milhares de outras pessoas em todo o mundo para apoiar as comunidades na vanguarda da luta contra a crise climática" e evitar uma ainda mais grave, diz o sítio da conferência.
Mas o sítio do CMI – www.oikoumene.org – mostra uma extraordinária vitalidade acerca dos temas ecológicos. Leem-se temas como: justiça ecológica, diaconia e responsabilidade pela criação, energias renováveis... Uma ecologia cristã que, entre nós, ainda está por ser alcançada, mas da qual o mundo precisa.
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Conselho Mundial de Igrejas se prepara em visto da Rio+20 - Instituto Humanitas Unisinos - IHU