03 Mai 2012
O novo ministro do Trabalho, deputado Brizola Neto (PDT-RJ), toma posse hoje com o desafio de pacificar seu partido e costurar um acordo que acomode as centrais sindicais no segundo e terceiro escalões da Pasta. O secretário-geral da Presidência da República, ministro Gilberto Carvalho, já avisou aos sindicalistas que o governo não pretende retalhar o Ministério do Trabalho. Os sindicalistas, porém, articulam mudanças nos principais postos do ministério num desenho que resgate os poderes da Pasta, esvaziada no governo Dilma Rousseff com a decisão da presidente de designar a Secretaria-Geral da Presidência como o órgão responsável pela interlocução do Palácio do Planalto com os sindicatos e outros movimentos sociais.
A reportagem é de Fernando Exman e publicada pelo jornal Valor, 03-05-2012.
Ontem Brizola Neto reuniu-se com o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Henrique da Silva. Também conversou nos últimos dias com dirigentes de outras centrais, como a Força Sindical e a União Geral dos Trabalhadores (UGT). Além da relação pessoal que mantém com a presidente Dilma Rousseff, fundadora do PDT no Rio Grande do Sul e antiga aliada do avô do parlamentar, o ex-governador Leonel Brizola, pesou para a nomeação do pedetista a intenção do governo de tentar se reaproximar das centrais sindicais.
No PDT, três nomes disputavam o cargo que fora do ex-ministro Carlos Lupi: os deputados Brizola Neto, Vieira da Cunha (RS) e o secretário-geral da sigla, Manoel Dias. Enquanto o gaúcho sofria resistências de sindicalistas ligados ao partido, Brizola Neto passou a receber o apoio do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), presidente da Força Sindical. Diante da divisão do PDT e do retrospecto da legenda de votar contra os interesses do governo em algumas votações na Câmara, a presidente Dilma optou então por tentar recompor com o meio sindical.
Depois de obter o apoio da Força Sindical, Brizola Neto deu início a conversas com a CUT. Como resultado, as duas centrais chegaram a um acordo, segundo o qual caberia à CUT a indicação do secretário-executivo do ministério.
Inicialmente, a intenção da Força era que o escolhido da CUT fosse José Lopez Feijóo, ex-vice-presidente da Central Única dos Trabalhadores e atual assessor especial de Gilberto Carvalho. Por um lado, sua escolha para ser o número 2 do Ministério do Trabalho reforçaria a Pasta. Por outro, a escolha poderia ser vista entre dirigentes da CUT como uma escolha do próprio governo, e não uma indicação da central. Na Força Sindical, o nome de Artur Henrique da Silva, que deixa o comando da CUT em meados do ano, também é bem visto.
Outros postos do Ministério do Trabalho também podem ser alvos da reformulação discutida pelos sindicalistas. A União Geral dos Trabalhadores (UGT), terceira maior central sindical do país, quer participar das negociações. Mas dirigentes das outras centrais dizem que o acordo que impulsionou o nome de Brizola Neto fora fechado apenas pela Força e CUT.
"A estrutura não pode privilegiar nem discriminar nenhuma central sindical. Não é lotear, mas todas as centrais sindicais têm quadros importantes e que têm capacidade de desenvolver essas políticas [do ministério]", afirmou o presidente da UGT, Ricardo Patah, antecipando que fará essa ponderação à presidente Dilma na reunião de hoje entre a presidente e o setor sindical.
Outro ponto está em negociação: o esvaziamento da Secretaria de Relações de Trabalho, apontada como a responsável pela transformação do ministério numa "fábrica de sindicatos". Pela proposta em discussão pelas centrais, o Conselho de Relações do Trabalho, órgão formado por representantes dos trabalhadores, empresas e do governo, receberia a tarefa de analisar os pedidos de criação de novos sindicatos.
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Centrais disputam postos-chave no Ministério do Trabalho - Instituto Humanitas Unisinos - IHU