21 Abril 2012
O Firefox, programa de navegação na internet concebido pela Fundação Mozilla, uma organização sem fins lucrativos, sempre foi considerado um rival significativo para o Internet Explorer, da Microsoft. Criado em 2002, o sistema apoiou-se no desenvolvimento em código aberto - sob o qual um programa pode ser modificado livremente, desde que as modificações sejam compartilhadas publicamente - para propagar sua mensagem de liberdade no uso da internet.
A reportagem é publicada pelo jornal Valor, 20-04-2012.
O discurso da Mozilla vem dando sinais, porém, de que está perdendo o fôlego. Nos últimos tempos, o Firefox - e o próprio Explorer - tiveram queda de participação entre os navegadores para computadores de mesa, com a ascensão do Chrome, do Google. Segundo a consultoria StatCounter, o browser do Google saltou de uma participação global de 16,55% no primeiro trimestre de 2011 para 29,69% nos primeiros três meses de 2012, tomando a segunda posição do Firefox e aproximando-se da liderança do Internet Explorer.
O avanço do Chrome ganha contornos ainda mais preocupantes para o Firefox quando se sabe que o Google é o principal patrocinador da Fundação Mozilla. Há alguns anos, a empresa firmou uma parceria para ser o serviço de busca do Firefox, uma forma de marcar terreno contra a expansão de serviços de busca concorrentes, como o Bing, da Microsoft. Agora, a continuidade do acordo está ameaçada, já que o Google criou seu próprio navegador. Trocando em miúdos, o destino do Firefox depende, em grande parte, do dono de seu rival mais voraz.
Frente ao dilema que expõe a fragilidade do Firefox, a Mozilla mantém a posição de que o Google foi e sempre será um grande parceiro em sua meta de garantir o acesso dos usuários ao que ela classifica como "internet aberta". "Realmente estamos perdendo mercado para o Google, mas se você olhar, eles também apostam em padrões abertos. No fim, a internet livre vence", diz ao Valor Gary Kovacs, executivo-chefe da Mozilla, que esteve ontem em São Paulo.
Se entre os micros de mesa, as perspectivas não são animadoras para a Mozilla, no plano dos navegadores para dispositivos móveis, o desafio é ainda maior. A participação global do Firefox nesse campo é de apenas 0,02%, de acordo com dados do serviço NetMarketShare.
O Firefox ficou para trás porque as grandes companhias do setor "amarraram" os browsers a seus sistemas operacionais. Os dispositivos com Windows Phone, da Microsoft, vêm com o Internet Explorer; os aparelhos com iOS, da Apple, usam o navegador Safari; e os equipamentos com Android contam com um browser próprio, enquanto o Google prepara o lançamento de um Chrome móvel.
Não é só isso. Os programadores precisam criar versões diferentes de um mesmo aplicativo para cada sistema operacional. Sem compatibilidade entre os sistemas, o consumidor acaba tendo de escolher entre um dos grandes padrões para viver sua vida na internet móvel.
Para Kovacs, esse modelo limita a liberdade do usuário e lembra o cenário vivido há dez anos no segmento de browsers para PCs, palco de uma briga na qual a Microsoft destroçou a então rival Netscape, firmando-se como o padrão no setor. "Por melhor que uma empresa seja, ela não é capaz de atender sozinha e satisfatoriamente às necessidades de bilhões de pessoas. Precisamos devolver o controle da internet aos usuários e desenvolvedores", diz.
Em uma tentativa de reverter o quadro, a Mozilla e Telefônica fecharam uma parceria para lançar um sistema operacional de código aberto para dispositivos móveis. A ideia é oferecer uma alternativa para a criação de aplicativos compatíveis com aparelhos de qualquer marca. O Brasil será o primeiro mercado a receber a novidade e a previsão é que isso ocorra até o início de 2013.
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No mundo da web móvel, Firefox luta pela sobrevivência - Instituto Humanitas Unisinos - IHU