18 Abril 2012
"O governo do Sudão do Sul é um inimigo e todas as agências estatais sudanesas devem tratá-lo como tal." Com esta declaração do Parlamento de Cartum, no Sudão, esses dois países deram mais um passo para uma guerra que nunca pareceu tão próxima como agora. "Anunciamos que continuaremos confrontados com o SPLM [o partido governante em Juba] até que acabemos com seu governo do Sudão do Sul", disse o presidente do Parlamento, Ahmed Ibrahim El-Tahir.
A reportagem é de J. M. Catalayud, publicada pelo jornal El País e reproduzida pelo Portal Uol, 18-04-2012.
Apesar da independência do Sudão do Sul em 9 de julho, ambos os países ainda não conseguiram concordar sobre o traçado exato da fronteira, onde regularmente há confrontos. Nos últimos dias, tropas do sul ocuparam uma cidade do norte e aviões do norte bombardearam áreas civis do sul.
O ponto mais quente é a cidade de Heglig, oficialmente no lado norte perto da fronteira, mas que o Sudão do Sul também reclama como sua. Depois de vários dias de confrontos entre os exércitos do sul e do norte na região, em 10 de abril passado Cartum admitiu que tropas do sul controlavam Heglig. Desde então, sucedem-se informações contraditórias, mas parece que as tropas sulinas continuam no controle da cidade.
A importância de Heglig está no petróleo, já que essa cidade contribui com cerca da metade dos 115 mil barris diários que o Sudão produz ao todo. Com a independência do Sul, onde se encontra a maior parte do petróleo, Cartum já perdeu 75% da produção do antigo Sudão unido, que era estimada em 500 mil barris.
"Hoje (o norte) bombardeou nossas posições e as instalações petrolíferas em Heglig", declarou na segunda-feira o coronel Philip Aguer, porta-voz do exército do Sudão do Sul, que calcula em cinco as vítimas civis dos bombardeios, 240 as baixas sofridas pelo exército do norte e 19 as próprias durante os confrontos em Heglig.
O exército do Sudão do Sul já havia dito no domingo (15) que o norte estava bombardeando os campos de petróleo de Heglig, o que Cartum negou imediatamente. Em declarações à agência oficial de notícias do Sudão, o porta-voz do governo disse que qualquer dano que tenha ocorrido nessas instalações é responsabilidade do Sul. O secretário de Assuntos Econômicos do partido governamental, Sabir Mohamed Al Hassan, disse em Cartum que a perda do controle de Heglig e de sua produção petrolífera já afetou as receitas do governo, que não tem dinheiro suficiente para cobrir seu orçamento.
Também se soube que aviões do norte bombardearam na última segunda-feira (16) uma base das forças da paz da ONU em Mayom, no estado fronteiriço de Unidade em Sudão do Sul, onde não houve vítimas. Nos últimos dias os confrontos se estenderam a outros pontos fronteiriços e o Sul acusou Cartum de querer abrir novas frentes nos estados meridionais do Alto Nilo e Bahr el Ghazal Ocidental.
Esses choques diretos entre norte e sul se somam aos conflitos entre Cartum e grupos rebeldes nas regiões sudanesas de Kordufão do Sul e Nilo Azul. O Sudão acusa o exército do Sul de apoiar esses rebeldes.
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Petróleo inflama guerra no Sudão do Sul - Instituto Humanitas Unisinos - IHU