07 Abril 2012
'Os trabalhadores das obras da usina hidrelétrica de Belo Monte, na Volta Grande do Rio Xingu, Altamira do Pará, decidiram suspender as manifestações que realizavam desde a semana passada na Rodovia Transamazônica como estratégia para impedir que os trabalhadores retornassem aos canteiros dos de obra.
A reportagem é de Fátima Lessa e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 06-04-2012.
Os manifestantes vão suspender a greve por causa do feriado de Páscoa e esperar a reunião prevista para o dia 10. Caso as reivindicações não sejam atendidas, eles prometem retomar a paralisação a partir do dia 16.
Na terça-feira, o Consórcio Construtor Belo Monte (CCBM) informou em nota que a greve havia terminado. Na terça e quarta-feira os trabalhadores fizeram barricadas que foram desmontadas pela Polícia Militar. O CCBM reconheceu que alguns canteiros não têm conseguido funcionar 100%. Os trabalhadores conseguem chegar aos canteiros com apoio da PM. Ontem, o CCBM informou que os cinco canteiros operaram totalmente.
Os trabalhadores reivindicam equiparação salarial, redução do intervalo da baixada (visita à família, quando são de outras regiões) de seis para três meses, melhores na comida e água, o fim do desvio de função, baixada para ajudantes de produção (cargo mais baixo na hierarquia da obra), capacitação para funcionários, plano de saúde, aumento do cartão alimentação (hoje, em cerca de 90 reais), aumento de salário, pagamento de horas extras aos sábados, transporte digno e o direito à baixada para os trabalhadores que decidirem, por conta própria, morar fora dos canteiros de obras.
Por telefone, alguns trabalhadores informam que não aceitam o Sindicato dos Trabalhadores da Construção Pesada do Pará (Sintrapav) como negociador. Eles afirmam que sofrem pressão para retornar ao trabalho ou serão demitidos. O CCBM nega que tenha ocorrido demissões por causa das manifestações ou que esteja ameaçando trabalhadores de demissão.
A coordenadora do Movimento Xingu Vivo para Sempre, a advogada Antonia Melo, rebateu ontem a afirmação da presidente Dilma Rousseff (PT) de que "pessoas contrárias à construção das hidrelétricas vivem num estado de fantasia". A advogada disse que quem vive num "estado de fantasia é um governo que não dialoga com quem discorda de suas ideias e dita regras de cima para baixo".
Durante reunião com integrantes do Fórum do Clima no Palácio do Planalto, a presidente disse que o governo não mudará seu projeto de aumento da oferta de energia e de desenvolvimento da região.
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Protestos em Belo Monte estão suspensos até terça-feira - Instituto Humanitas Unisinos - IHU