Cuba prende 70 antes da visita do papa

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26 Março 2012

A menos de 24 horas da chegada do papa Bento XVI a Cuba, opositores do governo comunista da ilha afirmaram ontem que ao menos 70 de seus apoiadores, entre eles 25 mulheres do grupo Damas de Branco, foram detidos por agentes do Estado.

A reportagem é de Flávia Marreiro e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 26-03-2012.

A maior parte das prisões aconteceu em Santiago de Cuba, no leste, cidade onde desembarcará o papa hoje.

Os números são da ilegal, mas tolerada Comissão Cubana de Direitos Humanos e Reconciliação Nacional e das Damas de Branco, que protestaram ontem em Havana.

As detenções parecem não ser suficientes para dissuadir os opositores de irem às missas celebradas por Bento XVI - hoje em Santiago e a segunda e última em Havana, na quarta-feira.

Ontem, na capital, a porta-voz das Damas de Branco, Berta Soler, exortou suas companheiras a desafiarem o governo e participar das atividades ignorando advertências feitas por policiais e cercos formais e informais nas casas das ativistas.

"Casa não é calabouço. Se quiserem nos impedir, que nos prendam", disse Soler.

"Eles apareceram na minha casa às 6h da manhã e disseram que eu não viesse que ia ser candela [ia pegar fogo], que eu ia ficar presa até o papa ir embora", disse Elza Sarduy, 27, também "dama".

"Não vamos lá fazer política", disse Soler, que voltou a pedir audiência de "ao menos um minuto" com o papa.

RESISTÊNCIA

Momentos antes, Soler liderara a marcha silenciosa das mais de 30 mulheres de branco presentes pelo canteiro central da 5ª Avenida de Miramar, coalhada de representações diplomáticas.

O cortejo foi seguido por ao menos o dobro de jornalistas, cinegrafistas e fotógrafos, uma não usual profusão de imprensa estrangeira credenciada oficialmente para registrar a visita de Bento XVI.

A manifestação é um dos mais emblemáticos e resistentes símbolos da diminuta e pulverizada oposição.

Originalmente, as mulheres pediam pelos maridos presos em 2003, o chamado "grupo dos 75". Hoje, todos foram liberados, a maior parte deles após as gestões do cardeal de Havana, Jaime Ortega.

As ativistas dizem que a petição é agora por todos os presos políticos, que elas estimam em 146, mas a ampliação do movimento parece não provocar a mesma empatia do original no cardeal.

"Esse é um grupo que se organiza agora como um movimento de tipo civil que quer protestar etc., mas já não tem as mesmas características", disse Jaime Ortega em entrevista à Folha, em janeiro.

O governo cubano declarou feriado amanhã e na quarta, dia das missas do papa. Na prática, isso significa que grande parte do funcionalismo está compulsoriamente convocado aos eventos.