22 Março 2012
Os líderes dos Brics - Brasil, Rússia, India, China e África do Sul - vão criar um grupo de trabalho para examinar a viabilidade de criação do banco de desenvolvimento do grupo, durante a cúpula que ocorrerá na semana que vem em Nova Delhi.
A reportagem é de Assis Moreira e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 22-03-2012.
Isso foi o máximo que os Brics definiram, em reunião preparatória esta semana na capital da Índia. Uma fonte indiana disse porém que há interesse de acelerar a preparação para lançar o banco, diante do crescente peso do grupo na economia mundial.
Estão em abertas uma série de questões. Por exemplo, se o banco será fechado ao grupo ou aberto a outros emergentes. Ou se também aceitará participação de nações desenvolvidas, como é o caso de capital do Japão no Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).
Negociadores em Nova Delhi lembraram que o Banco Mundial demorou cinco anos para ser criado e o Banco Asiático de Desenvolvimento outros três, de forma que o Banco dos Brics não vai surgir da noite para o dia.
Em outro ato, os presidentes dos países do grupo vão assinar memorando de entendimento, pelo qual o Banco de Desenvolvimento da China (BDC) concederá empréstimos em yuans aos parceiros, enquanto os bancos de desenvolvimento de outros países dos Brics oferecerão empréstimos em suas respectivas moedas.
O plano é para impulsionar o comércio entre os cinco países e tentar reduzir o uso do dólar americano nas trocas. A China tem interesse em promover o uso do yuan. O empresário Victor Fung, de Hong Kong, disse na semana passada na Organização Mundial do Comercio (OMC) que sua companhia, que é a maior fornecedora mundial de produtos chineses para lojas de varejo, continua usando amplamente o dólar em Hong Kong, mesmo ele considerando "interessante'' a tentativa de gradual internacionalização do yuan.
O Brasil já se comprometeu com US$ 2 bilhões para a criação do Banco do Sul juntamente com a Argentina, Bolívia, Equador, Paraguai, Uruguai e Venezuela. Os parlamentos de Brasil e Paraguai precisam ainda ratificar o convênio constitutivo do banco, que terá a missão de financiar projetos na União dos Países da América do Sul (Unasul).
O banco está em discussão desde 2007, o que dá uma ideia do que se pode esperar no caso do banco dos Brics. No Banco do Sul, o Brasil calocará capital efetivo de US$ 400 milhões, em cinco parcelas. Os outros US$ 1,6 bilhão serão em forma de garantia, a ser liberados quando houver ''necessidades financeiras impostergáveis''.
Argentina e Venezuela vão colocar o mesmo montante. Equador e Uruguai entrarão com US$ 400 milhões, cada. Bolívia e Uruguai com US$ 100 milhões em dez anos.
O capital inicial do Banco do Sul será de US$ 7 bilhões, mas os planos são de triplicá-lo logo para US$ 20 bilhões. Desses, US$ 3 bilhões deverão vir de países que ainda não assinaram o convênio constitutivo. Chile, Colômbia e Peru entrarão com US$ 970 milhões, cada, enquanto Suriname e Guiana farão aporte de US$ 45 milhões.
A criação do Banco do Sul foi iniciativa do presidente da Venezuela, Hugo Chávez, e do ex-presidente da Argentina, Néstor Kirchner. O banco terá sua sede em Caracas e subsedes em Buenos Aires e La Paz.
Os ministros de comércio dos Brics vão se reunir em Nova Delhi no próximo dia 28. Serão tratados no encontro temas como formas de cooperação para facilitação de comércio entre os países do grupo, mas isso é bem mais teórico, quando se sabe que os outros parceiros é que vêm aumentando as barreiras na fronteiras para deter produtos chineses.
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Banco do Sul volta à pauta dos emergentes - Instituto Humanitas Unisinos - IHU