Por: Jonas | 17 Março 2012
Faltam poucos dias para que Bento XVI viaje ao México e a Cuba. Sem deixar de considerar a importância da etapa mexicana – onde um milhão e meio de pessoas saudarão o Pontífice – é claro que sua estadia na “pérola do Caribe” suscita maior interesse dos meios de comunicação mundiais. Só evocar o que marcou a viagem de João Paulo II, em janeiro de 1998, provoca uma curiosidade enorme e já estão em circulação hipóteses de todos os tipos sobre as consequências religiosas e políticas desta segunda viagem.
A reportagem é de Antonio Pelayo, publicada no sítio Vatican Insider, 15-03-2012. A tradução é do Cepat.
Nos dias 12 e 13, o ministro cubano de Assuntos Exteriores fez sua primeira visita à Santa Sé, onde foi acolhido com cordialidade. Durante sua breve e discreta passagem pelo Vaticano, Bruno Rodríguez Parrilha manteve sucessivos encontros com o secretário de Estado, cardeal Tarcisio Bertone, com o secretário para as Relações com os Estados, dom Dominique Mamberti e com o suplente da secretaria de Estado, dom Giovanni A. Becciu, que foi núncio apostólico em Havana.
Fontes diplomáticas cubanas insistiram que se tratava de uma “visita de cortesia” e que o ministro não tinha engatilhado nenhum problema concreto para resolver em suas conversas com a cúpula vaticana. Tratava-se, sim, de confirmar a boa disposição das autoridades para que o Papa seja acolhido “com respeito e afeto” por todo o povo cubano. É certo que, se comparado estas vésperas da viagem com as de 1998, as coisas parecem muito mais claras e o clima mais sereno. Naquele período, até poucos dias antes da chegada do Santo Padre ao Aeroporto Internacional “José Martí” não se sabia muito bem o que seria retransmitido diretamente pela televisão nacional, e se os fiéis que desejavam participar das celebrações papais teriam disponíveis meios de transporte suficientes, problema crônico na ilha (se bem, é verdade, que desta vez o Papa visitará somente Santiago de Cuba e a capital).
Porém, se é verdade que nas altas esferas as águas correm tranquilas, em Cuba começam a surgir algumas iniciativas como a “ocupação” de alguma igreja por grupos de dissidência, o que preocupa tanto a Igreja como o governo. Fontes eclesiásticas já destacaram que na agenda do Santo Padre não está previsto nenhum encontro com expoentes de movimentos opostos ao regime (tampouco o fez João Paulo II). No entanto, circulam pedidos, por exemplo, das chamadas “Damas Brancas” (mães, esposas e familiares de detidos) que desejam encontrar o Santo Padre. Pessoas próximas so cardeal Jaime Ortega insistiram que se deve evitar a “politização” da pessoa, da palavra e da ação do Papa, o que não quer dizer que a Igreja, como ficou amplamente demonstrado, se desinteresse pelos presos e do quanto aspiram a uma maior liberdade de expressão.
Segue em pé a interrogação se Fidel Castro se encontrará pessoalmente com Bento XVI. No programa de visita não há nada previsto a esse respeito, porém a impressão geral é que o encontro acontecerá. “A notícia – no âmbito governamental – seria a de que não acontecerá”. Em todo caso, seria uma conversa discreta, já que se sabe que o “líder máximo” renunciou aos primeiros planos da atualidade e não quer fazer sombra ao seu irmão Raúl, num evento em que estarão voltados todos os focos dos meios de comunicação.
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A visita do Papa a Cuba - Instituto Humanitas Unisinos - IHU