24 Janeiro 2012
Bombas de gás, balas de borracha, veículos e imóveis incendiados foram o resultado do clima de guerra que se instalou ontem nos bairros vizinhos da comunidade do Pinheirinho, na zona sul de São José dos Campos, no interior paulista, um dia após a reintegração de posse determinada pela Justiça. A circulação de ônibus foi interrompida e o comércio fechou as portas, um feriado forçado e tenso para quem vive no local.
A reportagem é de William Cardoso e João Carlos de Faria e publicada pelo jornal O Estado de S. Paulo, 24-01-2012.
Desde o início da ação que tirou cerca de 1,5 mil famílias de uma área ocupada de 1,3 milhão de metros quadrados, 30 pessoas foram detidas. Dez pessoas foram presas depois de invadir a casa de um casal de idosos.
Segundo moradores e a própria PM, pessoas de fora da comunidade vêm promovendo atos de vandalismo. A pouco menos de 1 km do Pinheirinho, a Biblioteca Comunitária Jansen Filho foi incendiada três vezes. Na frente da biblioteca, foi queimado um caminhão da Fundação Hélio Augusto de Souza, o décimo veículo incendiado desde anteontem. Duas padarias também foram queimadas.
A polícia apreendeu três adolescentes responsáveis por um dos ataques. Com eles, foram encontrados cigarros e bebidas. Em outro caso, um rapaz com um coquetel molotov estava ao lado de um depósito de gás.
Muitos comerciantes não abriram suas lojas. "Deixei tudo fechado para ajudar as pessoas que não têm para onde ir", afirmou a comerciante Vera Lúcia Barbosa, de 56 anos, que transformou sua lanchonete em abrigo para moradores do Pinheirinho.
Na Avenida dos Evangélicos, dois protestos violentos foram reprimidos pelos PMs às 10h30 e às 19h. No local, o chão está forrado de cápsulas de balas de borracha. Para o coronel Manoel Messias Melo, a resposta é adequada. "A força empregada foi a necessária para conter os ânimos." A PM nega que a ação tenha deixado feridos graves. Anteontem, o secretário nacional de Articulação Social, Paulo Maldos, foi atingido por uma bala de borracha.
Protestos
No centro, uma manifestação em favor dos sem-teto tomou conta da Praça Afonso Pena. Foi determinada uma restrição de acesso ao fórum, por medo de ataques.
Grupos em defesa dos sem-teto de Pinheirinho também protestaram na frente do Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, e em Sumaré, no interior.
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Pinheirinho tem 2º 'dia de guerra' com novos conflitos e carros queimados - Instituto Humanitas Unisinos - IHU