21 Janeiro 2012
Com a significativa queda das doações e o dinheiro começando a faltar, o movimento Ocupe Wall Street precisou impor um congelamento parcial dos gastos para ter dinheiro suficiente para funções cruciais, como pagar a fiança de manifestantes presos. "Precisamos cancelar todos os gastos não essenciais até montarmos nossa comissão orçamentária", disse Haywood Carey, do grupo de trabalho para assuntos contábeis do movimento.
A reportagem é de Aidan Gardiner, publicada pelo The New York Times e reproduzida pelo jornal O Estado de S. Paulo, 21-01-2012.
Com a expulsão do movimento do Parque Zuccotti, em Lower Manhattan, em novembro, além do declínio da atividade e da visibilidade, o levantamento de fundos do Ocupe Wall Street sofreu um baque. Os colaboradores do fundo geral doaram cerca de US$ 28 mil este mês, ante cerca de US$ 330 mil nos 17 primeiros dias de outubro, segundo o site de informações financeiras do movimento.
No lado das despesas, o movimento gastou mais da metade dos US$ 700 mil em doações arrecadadas desde outubro, mas agora possui apenas US$ 330 mil, de acordo com Carey. Boa parte do dinheiro foi gasta nos esforços em outras partes do país que brotaram com o primeiro ato do movimento: a ocupação do Parque Zuccotti, perto de Wall Street, em 17 de setembro.
O Ocupe Wall Street criou recentemente um fundo para fianças de US$ 100 mil - o maior item isolado do orçamento do grupo. Outros itens não cobertos pelo congelamento de gasto imposto desde a semana passada incluem comida, moradia e serviços médicos.
"Estamos seriamente preocupados com a tendência decrescente das doações", disse Carey. "Mas somos um movimento que fez muita coisa com muito, e muita coisa com pouco." As mazelas financeiras do Ocupe Wall Street foram reportadas pelo Wall Street Journal.
Alguns integrantes dizem que a juventude e a constante mudança do local do movimento dificultaram um planejamento financeiro. "Com algo como o Ocupe, que simplesmente surgiu do nada, não havia maneira de pôr em uma planilha e dizer: 'daqui a três semanas vamos fazer X, Y e Z'", disse Bill Dobbs, um integrante da equipe de mídia do movimento.
Os gastos do Ocupe Wall Street variaram consideravelmente. Em outubro, quando os manifestantes ainda estavam estabelecendo uma base no parque Zuccotti, eles gastaram aproximadamente US$ 37 mil - a maior parte em necessidades básicas, como ferramentas e produtos de limpeza.
Os gastos saltaram para US$ 121 mil em novembro, em parte para acomodar as pessoas que haviam afluído para se juntar ao acampamento. Eles caíram para US$ 82 mil em dezembro, com a proibição da prefeitura do uso dos sacos de dormir e de pessoas deitadas no parque.
A chegada do frio e a saída de muitos manifestantes para os feriados também contribuíram para a queda. Mas os líderes esperam um aumento das atividades quando o tempo esquentar, e acreditam que as doações vão acompanhar esse crescimento.
A decisão de conter os gastos foi consensual, disse Carey, porque muitos integrantes do movimento sentem que o Ocupe Wall Street deve ajudar os esforços de protesto em outros lugares e que as regras dos gastos poderiam tornar o movimento menos receptivo.
"As circunstâncias mudam rapidamente no Ocupe Wall Street", disse Carey. "Embora estejamos planejando para o futuro, queremos permanecer flexíveis e eficazes."
Uma parte significativa dos fundos é usada para expandir o movimento na cidade e em todo o país. A segunda maior despesa, até agora, foram os cerca de US$ 20 mil para abastecer manifestantes de Ocupe Oakland. O movimento também gastou US$ 3 mil para financiar o Ocupe Fazenda, o acampamento em um terreno de 23 hectares no norte do Estado de Nova York. Com o congelamento dos gastos, nenhum dinheiro será colocado em projetos fora da cidade, disse Carey.
Divergência
O dinheiro é uma questão controversa entre os manifestantes, já que alguns o veem como necessário para o movimento prosperar e outros o rejeitam por completo. Recentemente, o grupo de trabalho de assuntos contábeis do Ocupe Wall Street começou a entrevistar candidatos para um posto de contador.
Dobbs, da equipe de mídia, disse que, mesmo sem dinheiro, o movimento provavelmente continuaria. "As pessoas são o verdadeiro centro do Ocupe. Elas se sentem impelidas a acabar com a ganância de Wall Street e fazer justiça econômica", disse Dobbs. "O dinheiro certamente ajuda, mas não é um substituto para as pessoas.
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Sem dinheiro para protestar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU