11 Janeiro 2012
Após gastar mais de R$ 1,5 milhão com assistência social aos haitianos que entram ilegalmente no país, o governo do Acre começou a bancar transporte para mandá-los para fora do Estado.
A reportagem é de Freud Antunes e publicada pelo jornal Folha de S. Paulo, 11-01-2012.
Desde a semana passada, o governo local paga passagens de ônibus a cerca de 35 haitianos por dia. A maioria segue até Porto Velho (RO), para buscar emprego, sobretudo na construção civil.
Com a medida, o governo conseguiu reduzir de 1.250 para 1.050 o número de imigrantes alojados provisoriamente em Brasileia (231 km de Rio Branco), cidade que faz fronteira com a Bolívia e que se tornou porta de entrada dos haitianos no Brasil.
Depois de entrarem no país sem visto -frequentemente com a ajuda de atravessadores-, eles se apresentam à Polícia Federal como refugiados e são obrigados a permanecer em Brasileia até regularizar sua situação.
Apesar de o governo federal estar concedendo vistos de permanência aos haitianos por razões humanitárias, a maioria chega ao país sem dinheiro e não consegue deixar o Acre para buscar emprego em outros Estados.
Antes de seguir viagem, os imigrantes estão sendo levados pelo governo a Rio Branco, onde tiram a carteira de trabalho. Segundo o funcionário da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do Acre Damião Borges de Melo, que coordena a assistência aos haitianos, mais cem homens devem seguir para Porto Velho hoje. A maioria, diz ele, já tem emprego garantido em Rondônia e Mato Grosso.
Até o momento, os haitianos que permanecem em Brasileia vêm recebendo do governo acriano comida, tratamento de saúde e hospedagem -em pousadas superlotadas. O Ministério da Justiça disse que enviou 14 toneladas de alimentos ao Estado como ajuda humanitária.
Sobre o deslocamento dos haitianos dentro do país, o Ministério da Justiça diz que não acompanha o destino final dos imigrantes após sua regularização e que eles têm permissão para viver em qualquer Estado.
O filantrópico Instituto Migrações e Direitos Humanos, que já intermediou contratações de haitianos no país, disse ter informações de imigrantes empregados em Rondônia, Amazonas, Santa Catarina, Minas, São Paulo, Rio Grande do Sul e Mato Grosso.