Ratzinger dedica sua mensagem da paz aos ''indignados''

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18 Dezembro 2011

Os jovens como protagonistas do futuro: o papa dedica a sua Mensagem da Paz de 2012 à capacidade dos jovens de reagir à crise e de pedir justiça, democracia e paz.

A reportagem é de Roberto Monforte, publicada no jornal L'Unità, 17-12-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Os jovens que têm a coragem de não se resignar e de lutar pelo seu futuro, pela democracia, pela justiça e pela paz. É justamente aos protagonistas da "primavera" árabe, aos "indignados" de Madri, aos jovens que protestaram contra a crise econômica global nas praças das grandes capitais do Ocidente que devemos olhar como a sujeitos de esperança e como construtores de paz.

Esse é o apelo lançado pelo Papa Bento XVI na sua Mensagem para o XVL Dia Mundial da Paz, que será celebrado no próximo 1ª de janeiro de 2012. "Educar os jovens à justiça e à paz" é o título do documento apresentado nesta sexta-feira pelo presidente do Pontifício Conselho Justiça e Paz, cardeal Turkson, e pelo secretário do dicastério, Dom Toso.

O papa – explicaram – pede que se ouçam as demandas e as aspirações dos jovens, pondo sobretudo o acento sobre a edução para a "verdadeira" justiça e para a paz. É tarefa de quem governa, que deve ser testemunha credível, "límpida". "Está em jogo o sentido da política como serviço, como busca do bem de todos, sem exceção", afirma o pontífice. "A política e os políticos – ilustra Turkson – devem recuperar a dignidade e dar um exemplo de retidão, coerência entre esfera pública e privada, preparação e competência".

Mas a educação é sobretudo tarefa das famílias, que devem ser todas tuteladas, também as dos imigrantes, por quem têm a "responsabilidades pela vida pública". O papa também põe em causa as instituições de formação e o mundo da mídia, "que muito frequentemente se esquecem da sua função não apenas informativa". "É para a verdade, para a liberdade, para a justiça e para o amor, os quatro grandes pilares da casa da paz, que os jovens devem ser educados", insiste Dom Toso, explicando como o papa insiste no conceito de "verdadeira justiça", ligando-o à superação do relativismo, das concepções neocontratualistas e neoutilitaristas que "alienaram o conceito de justiça das suas raízes transcendentes". Porque é em uma dimensão aberta à transcendência que devem ser afirmadas "a solidariedade e a fraternidade"

Para ser um verdadeiro operador de paz, escreve Bento XVI, é preciso trabalhar por "redistribuições adequadas da riqueza, promoção do crescimento, cooperação ao desenvolvimento e resolução dos conflitos".

O fato de a educação para a democracia também ser um problema no Ocidente é ressaltado por Toso, que denuncia a disseminação de "democracias populistas e oligárquicas. É preciso apontar para os jovens – insiste – para construir uma mudança não apenas na política e nas instituições, mas também na cultura e na economia. Eles devem ser incluídos e ouvidos nas suas preocupações, nas suas justas reivindicações ", afirma Turkson. Respondendo aos jornalistas, Toso criticou a solução da União Europeia à crise imposta pela Alemanha. "Não estamos tomando o caminho certo".