"Tratamentos gratuitos aos doentes africanos": o apelo do papa contra a Aids

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21 Novembro 2011

Nada de camisinha e nada de vodu. Bento XVI leva em consideração, em primeiro lugar, os "erros midiáticos passados" – como uma fonte interna definiu ao La Repubblica –, evita falar do uso dos preservativos como tinha feito em 2009 no Camarões, mas se estende amplamente sobre o problema da Aids e de como combatê-lo. Mas não se encontrou, como havia querido o seu predecessor João Paulo II na visita ao Benin em 1993, elogiando-o, com os líderes da religião tradicional, que, no ex-Daomé, é o culto principal.

A reportagem é de Marco Ansaldo, publicada no jornal La Repubblica, 20-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O papa, a África e a contracepção: tema delicado, dados os números sobre a Aids. E, do Benin, Joseph Ratzinger dirigiu-se ao continente inteiro, apresentando uma longa exortação apostólica intitulada Africae munus, ou seja, o compromisso da África, com as conclusões do Sínodo sobre o continente realizado em 2009. Muitos observadores, na véspera dos três dias de Benin, recordou a viagem anterior de Bento XVI à região, quando as palavras pronunciadas sobre os "preservativos" pareceram se relacionar com o aumento do problema.

Surgiram daí incompreensões e críticas. Agora, na articulada Exortação pontifícia – um documento sobre as estruturas de base da missão eclesial e sobre educação, saúde e justiça –, o papa dedicou uma página à Aids. Ela "exige, certamente, uma resposta médica e farmacêutica – lê-se no texto –, porém, esta ainda é insuficiente, porque o problema é mais profundo. É acima de tudo ético". É necessária uma "mudança de comportamento". Portanto, "a abstinência sexual, fidelidade conjugal e rejeição da promiscuidade". E a prevenção "da Aids deve se apoiar em uma educação sexual" ancorada "no direito natural e iluminada pelo ensinamento da Igreja". Assim, são essenciais tratamentos gratuitos a todos os doentes. O papa também aproveitou a oportunidade para lançar uma dura acusação contra "a corrupção e a avidez" desenfreadas entre os "responsáveis políticos e econômicos" da África, mas também do "restante do mundo".

Na viagem, dominou o tema da esperança, com um papa cercado por grandes multidões. "Tenha confiança, África, e levanta-te", disse ao governo e aos expoentes das principais religiões no palácio presidencial de Cotonou. Não houve, no entanto, um encontro com os líderes da religião vodu. Wojtyla tinha lhes explicado que "os irmãos cristãos apreciam" as suas "tradições".

Uma viagem cansativa, mas desejada

Ratzinger, disse o porta-voz, padre Federico Lombardi, "não se economiza, como demonstram alguns programas extras com voluntários na Nunciatura, incluindo os da Comunidade de Santo Egídio". "Obrigado por aquilo que vocês fazem – elogiou-os o papa –, há a necessidade de sonhar".

No prefácio de Cattolici d`Africa, livro recém-publicado por Susanna Cannelli sobre o Benin, o fundador da Comunidade e agora neo-ministro para a Cooperação, Andrea Riccardi, afirma: "É preciso conhecer a África, porque ela não é distante; ao contrário, se aproxima com a emigração. E porque é uma terra de oportunidades também para a economia europeia".