Um governo de técnicos, liderado pelo economista
Mario Monti, assume o poder na Itália com a tarefa de estabilizar um país e toda a zona do euro. No fim de semana, a classe política europeia se apressou para garantir a queda do governo de
Silvio Berlusconi e a nomeação de um novo primeiro-ministro antes de os mercados abrirem hoje, como um sinal claro do compromisso do continente em lidar com a crise da dívida.
A reportagem é de
Jamil Chade e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 14-11-2011.
Pressionado,
Monti chega ao poder precisando ainda conquistar os mercados, com a resistência de alguns partidos e sendo desafiado por Berlusconi, que não pretende abandonar o confronto político - além de ameaçar pedir antecipação das eleições. Isso tudo diante da tarefa de cortar 60 bilhões do orçamento.
Monti entrou pela madrugada tentando definir o novo gabinete de governo - que terá de ser submetido ao Parlamento -, depois que líderes de partidos italianos apelaram para que ele fizesse isso antes da abertura dos mercados hoje. Eleições antecipadas estão fora da agenda, por enquanto, e
Monti teria revelado que espera ficar até meados de 2013 no poder.
Mas o mercado não esperará. Hoje,
Monti já enfrenta seu primeiro grande teste. A Itália vai tentar captar 3 bilhões e o sucesso da operação será a grande prova. "O impacto de sua nomeação pode durar apenas alguns dias", disse
Fabrizio Fiorini, chefe da Aletti Gestielle, de Milão. Até abril, a Itália precisará rolar 200 bilhões de sua dívida.
Esse é o segundo governo "técnico" a assumir um país na Europa em poucos dias. Na semana passada, foi a Grécia. Agora, a incapacidade do governo de
Berlusconi de passar reformas e reduzir a dívida de 1,9 trilhão despertou a preocupação dos mercados. Mas, ao contrário da situação da Grécia, a UE temia que não teria recursos para socorrer a Itália, caso fosse necessário.
A opção era a formação de um governo que pudesse liderar as reformas.
Berlusconi renunciou no sábado e, ontem,
Monti foi anunciado. "A Itália pode sair desta situação de emergência com base num esforço comum, e voltar a ser uma força dentro da UE, e não uma fraqueza", disse
Monti. "Nossa meta será a de solucionar a situação financeira, retomar o crescimento. Queremos construir um futuro de dignidade e esperança."
Monti, porém, não tem apoio total. O partido
Liga Norte insistiu que fará oposição. "Não daremos um cheque em branco", disse
Umberto Bossi, líder do partido.
Berlusconi anunciou que apoia o governo, mas deixou claro que "não se renderá". Na prática, não aceitará a imposição de leis contra as fortunas, uma forma de cobrir o déficit defendida por Monti.
Berlusconi ameaçou retirar seu apoio se isso ocorrer e convencer seu partido a pedir eleições antecipadas, o que reabriria a crise.
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Mario Monti assume governo da Itália e já enfrenta primeiro grande teste - Instituto Humanitas Unisinos - IHU