09 Novembro 2011
Ele dirigiu a delegação do patriarca de Moscou em Assis. Junto com o Metropolita Hilarión, é líder emergente da nova geração. Em grande sintonia com a Igreja do Papa Bento.
A reportagem é de Sandro Magister e está publicada no sítio Chiesa, 07-11-2011. A tradução é do Cepat.
Entre os líderes religiosos que escutam o Papa em Assis está o Metropolita Aleksandr de Astana e do Cazaquistão.
O fato de que o patriarcado ortodoxo de Moscou e de todas as Rússias o tenha enviado como chefe da delegação em Assis fez pensar em uma diminuição e em um puxão de rédeas no diálogo com a Igreja de Roma.
Nada mais equivocado.
Aleksandr não é de maneira alguma uma figura de segundo plano. Ele é o novo astro da ortodoxia russa.
Nascido há 51 anos em Kirov, nordeste de Moscou, Aleksandr esteve no seminário de São Petersburgo, na época Leningrado, quando o atual patriarca de Moscou, Kirill, era aí reitor. Como arcebispo dirigiu durante 10 anos o departamento sinodal para a juventude. Em março de 2010, foi nomeado arcebispo de Astana, a capital do Cazaquistão. Quatro meses depois foi elevado ao cargo de metropolita. E no início deste outono foi promovido a membro permanente do Santo Sínodo.
O Santo Sínodo é a autoridade suprema da Igreja Ortodoxa russa. Era composto até há poucas semanas por 12 membros: sete permanentes e cinco temporários que permanecem no cargo não mais de um ano.
Com Aleksandr, agora são oito os membros permanentes do Santo Sínodo, sinal de que sua nomeação foi tão fortemente quista que motivou uma modificação dos cânones, que logo será ratificada.
Em Assis, no dia 27 de outubro, entre os 10 delegados do patriarca de Moscou havia três bispos. Entre eles havia outro membro permanente do Santo Sínodo, o metropolita e exarca patriarcal Filarete de Minsk e da Bielorrússia, grande apoiador do diálogo com a Igreja Católica e próximo anfitrião, em sua cidade, de uma conferência sobre as relações entre ortodoxia e catolicismo, de 13 a 15 de novembro.
Não obstante a autoridade e o prestígio de Filarete, em Assis o papel de chefe da delegação dos ortodoxos russos coube efetivamente a Aleksandr, que é muito mais jovem que ele.
Na cerimônia da tarde, em frente à basílica em que está sepultado São Francisco, foi Aleksandr quem tomou a palavra. E anteriormente, no almoço "frugal", foi ele quem se sentou à mesa de Bento XVI.
No dia seguinte, 28 de outubro, no Vaticano, no almoço de gala oferecido pelo cardeal secretário de Estado Tarcísio Bertone aos 300 hóspedes do encontro de Assis, foi também Aleksandr quem se sentou à cabeceira da mesa, à direita de Bertone e do patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I.
No Santo Sínodo da Igreja ortodoxa russa, o metropolita Aleksandr marca uma passagem geracional. Outros membros permanentes como o patriarca de Moscou Kirill, o metropolita Vladimir de Kiev, Vladimir de San Petersburgo, Filarete de Minsk, Juvenal de Krutitsy e Colomna, estão todos acima dos 75 anos.
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À mesma geração de Aleksandr pertence também a outra estrela jovem da ortodoxia russa, o metropolita Hilarión de Volokolamsk, presidente do departamento das relações exteriores do patriarcado.
No dia 27 de outubro, Hilarión não esteve em Assis, mas na Suíça, na Universidade Católica de Friburgo, na faculdade de teologia em estudou, na qual é professor honorário e para onde enviou o seu mais estreito colaborador, o arquidiácono Ioann Kopeikin.
A Universidade de Friburgo foi o cenáculo de formação de teólogos e líderes de primeiro plano da hierarquia católica, muito próximos ao Papa Bento XVI: desde o atual arcebispo de Milão, cardeal Angelo Scola, ao novo bispo de Lausanne, Genebra e Friburgo, Charles Morerod, nomeado para esse território no dia 3 de novembro passado.
No início de outubro, na primeira assembleia da sessão de inverno do sínodo da Igreja Ortodoxa russa, o metropolita Hilarión foi posto também como chefe da comissão sinodal bíblica e teológica, no lugar de Filarete de Minsk: em um papel análogo ao que teve Ratzinger durante o pontificado de João Paulo II.
E pouco antes da nomeação, no dia 29 de setembro, Hilarión teve uma reunião em Castel Gandolfo com Bento XVI: não foi a primeira nem a última de uma relação cada vez mais intensa entre os dois, feita também de amizade. Nos dias anterior e posterior, Hilarión também se encontrou com os cardeais Kurt Koch, Tarcisio Bertone, Gianfranco Ravasi e Angelo Scola.
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Finalmente, como nova prova da crescente aproximação entre as duas Igrejas, o patriarca Kirill se reuniu, em 1º de novembro passado, com o arcebispo católico de Moscou, Paolo Pezzi.
Comentando o encontro, o primeiro entre os dois, Pezzi reconheceu a Kirill o mérito de ter feito aceitar "positivamente" os bispos ortodoxos nas diferentes regiões da Rússia, a presença dos católicos, "que já não são considerados como estrangeiros".
E o patriarca de Moscou mencionou que considera "superadas" as tensões dos anos 1990, quando a presença católica era vista na Rússia como agressiva: "Hoje, ortodoxos e católicos trabalham juntos e formaram uma frente comum para a defesa dos valores cristãos na sociedade moderna".
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Há uma nova estrela no céu russo. Chama-se Aleksandr - Instituto Humanitas Unisinos - IHU