Ativistas lamentaram na sexta-feira o que viram como uma falta de avanços na luta contra a pobreza e as mudanças climáticas durante a cúpula do
G20 em
Cannes, e disseram ter esperanças de que, sob a presidência do México, o grupo de economias ricas e emergentes dará mais ênfase às questões do desenvolvimento.
A reportagem é de
Nicholas Vinocur e
Marie Maitre, da
Reuters, e publicada pelo jornal
O Estado de S. Paulo, 05-11-2011.
A França, que encerrou na sexta-feira seu mandato de um ano à frente do
G20, havia entusiasmado as ONGs ao incluir em sua pauta, em novembro de 2010, questões como limites para emissões de carbono e as oscilações nos preços das commodities.
Mas os ativistas saíram frustrados da cúpula de
Cannes, que foi dominada pelos temores de dissolução da zona do euro por causa da crise política na Grécia, derrubando todos os outros assuntos da pauta.
"Parece novamente que o comunicado (do G20) irá marginalizar as preocupações mais importantes para os países em desenvolvimento", disse a jornalistas
Soren Ambrose, diretor de finanças para o desenvolvimento da entidade antipobreza
Actionaid.
"Houve uma refeição completa para a Grécia (...), mas os pobres estão sendo alimentados com migalhas."
Embora as ONGs tenham comemorado o fato de os líderes mundiais estarem pensando seriamente em adotar um imposto sobre transações financeiras - algo que era considerado absurdo por economistas relevantes há poucos anos -, eles criticaram a falta de progressos no combate à fome e à mudança climática.
Brendan Cox, diretor de políticas da ONG Save the Children, disse que as 20 nações mais poderosas do mundo vêm ignorando a aguda escassez de alimentos no nordeste da África, e que caberá ao México forjar uma resposta global aos problemas ligados à pobreza.
"Há 20 meses, o G20 prometeu uma rede de segurança para os mais pobres do mundo, grandes reformas no disfuncional sistema mundial de alimentos, e a possibilidade de bilhões de dólares em financiamento ao desenvolvimento", disse ele.
"Mas uma crise às portas da cúpula e uma falta de vontade política deixaram as vozes dos mais pobres quase inaudíveis."
Tasneem Essop, chefe de questões climáticas da entidade ambiental WWF na África do Sul, disse que os termos usados nos comunicados preliminares para tratar da questão climática foram atenuados em relação às ambições iniciais da França, sugerindo que os países haviam usado emergências econômicas para se esquivar de compromissos.
"Embora aceitemos que resolver os problemas da Grécia seja importante, esperávamos que os líderes do G20 encontrassem soluções duráveis e sustentáveis para a crise global", afirmou. "A presidência francesa conseguiu manter a mudança climática na pauta, embora de uma forma enfraquecida."
A presidência mexicana do G20, que começa no sábado, poderá trazer o foco novamente para a mudança climática, a taxação sobre o comércio de carbono, as verbas para o desenvolvimento e o crescimento sustentável, acrescentou Essop.
O presidente mexicano,
Felipe Calderón, pediu na quinta-feira aos Estados Unidos e à China - os dois maiores poluidores mundiais - que aceitem limites às emissões de gases do efeito estufa e que permitam um maior foco no meio ambiente.
"O México tem sido um líder na política climática nacional e internacional", disse
Essop. "Estamos ansiosos pela liderança do México."
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ONGs criticam G20 e torcem por avanços sob a chefia do México - Instituto Humanitas Unisinos - IHU