27 Outubro 2011
"Não se trata de repetir o que foi feito em 1986, mas sim de celebrar um acontecimento e lembrar uma grande verdade que o Papa tem destacado como uma fórmula inspiradora: "Quem se dirige a Deus não pode não transmitir paz. Quem constrói a paz, não pode não se aproximar de Deus".
Quem escreve é o cardeal Jean Louis Tauran, presidente do Pontificio Conselho para o Diálogo Interreligioso, em função do encontro de Assis convocado por Bento XVI, por ocasião do XXV aniversario do primeiro encontro promovido por João Paulo II. Tauran publicou suas reflexões na revista Tracce, publicação italiana mensal do movimento Comunhão e Libertação.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicado pelo Vatican Insider, 26-10-2011. A tradução é do Cepat.
Por primeiro, o cardeal sublinha a novidade desse Assis III, ou seja, a presença dos não crentes, que define como pessoas que estão buscando Deus. "Trata-se de oferecer – escreve Tauran – uma ocasião aos chamados "não crentes’ para interpelar aos crentes e em particular exigir-lhes um testemunho de vida que seja coerente com a religião que professam, e aos crentes a ocasião de partilhar com os não crentes o tesouro que é a sua fé e, com isso, demonstrar ao mundo que Deus não é um perigo para a sociedade, como diz o Papa".
O cardeal resume em cinco atitudes o chamado "espírito de Assis".
A primeira é "mostrar-se disponível em sair de nossas casas, de nossos templos, para escutar quem vive e também crê de maneira diferente de nós".
Em segundo lugar, considerar os agnósticos como "buscadores de Deus" e ajudar em sua busca do Absoluto...
Terceiro ponto: não se pode ser tímido com a fé, mas sempre como recomendava São Pedro, "com doçura e respeito"...
A quarta atitude, desejar o encontro com o outro em sua alteridade sem pretender que nos siga, mas tampouco colocando a fé entre parêntesis: não se dialoga na ambiguidade.
Para terminar, rechaçar o individualismo e a indiferença religiosa, viver no pluralismo religioso uma emulação espiritual".
Para Tauran, o encontro de Assis representa também uma ocasião para "lembrar a exigência da liberdade de religião que não é um direito a mais entre os outros, mas sim um direito fundamental". A liberdade religiosa, explica o purpurado francês, "supera a liberdade de culto, é a possibilidade de participar no diálogo público como crentes. A liberdade de religião, portanto, é uma força para a paz".
"Certamente o Papa – continua escrevendo o presidente do discatério para o Diálogo Interreligioso – terá ocasião de repetir o que dizia João Paulo II: "Se queremos que o mundo se converta finalmente numa casa de paz, a oração é a força necessária para implorá-la e obtê-la". O sentimento religioso não apenas faz com que cresça nossa interioridade, mas também nos dá o verdadeiro significado de nossa presença no mundo. Ainda mais, se pode dizer, que a dimensão religiosa empurra os crentes a oferecer com mais ardor sua contribuição para a construção de uma sociedade harmonioso na qual reine a paz".
Tauran também insiste na importância de lembrar aos homens o "dever de contribuir na organização de uma sociedade no qual os homens e as mulheres nunca sejam privados das fontes de luz e das propostas no sentido de iluminá-la. Diante da experimentação no homem, o aborto, a eutanásia, a banalização da sexualidade, a ditadura das aparências, os cristãos tem que colaborar a favor de tudo aquilo que o leve para o sentido humano e a humanização".
Para terminar, o cardeal francês afirma: "Penso que de Assis poderá se colocar em marcha uma mensagem dirigida tanto aos legisladores como aos mestres e professores: que seja respeitada a pessoa que busca sempre a verdade diante do enigma de sua condição. Para que os jovens possam ser educados num sentido crítico que lhes permita escolher entre o verdadeiro e o falso, apreciar as grandes tradições culturais abertas à transcendência que expressam de um modo claro nossa aspiração à verdade e a liberdade".
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O cardeal Tauran e os cinco mandamentos para Assis - Instituto Humanitas Unisinos - IHU