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23 Outubro 2011

Foi publicado o último volume, o décimo primeiro da série dedicada a "Os mandamentos", da editora Il Mulino. O título Ama Il prossimo tuo lembra o supremo mandamento cristão. Assinam o livro Enzo Bianchi e Massimo Cacciari. O primeiro trata no seu ensaio "Fazer-se próximo com amor", o segundo analisa a "Dramática da proximidade". E é do escrito de Cacciari que publicamos um extrato em que o filósofo reconstrói o itinerário de amor (e de justiça) que leva o cristão a não odiar o inimigo.

A reportagem é de Armando Torno, publicada no jornal Corriere della Sera, 22-10-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

Diremos sobretudo que o termo hebraico lembrado por Cacciari, rea", indica aquele que é um companheiro de grupo, não escolhido (pode ser de etnia ou um vizinho pertencente àquelas dimensões que nos precedem, como a família, o clã, o povo, o território). Palavra muito genérica, não muito utilizada nos livros proféticos onde se prefere o concreto, que, no entanto, está muito presente na Bíblia, sobretudo na formulação do Decálogo. Nele, tudo o que se refere ao dever social sempre tem como objeto o próximo. Por exemplo, a proibição de matar ou de cometer adultério se refere ao próximo que está no fim de todas as formulações.

Agora, o fato de ter unido esses dois momentos sintéticos, ou seja, "Amarás o Senhor teu Deus com todo o teu coração, com toda tua alma e com todas as suas forças" (Deuteronômio 6, 5) e "Amarás o teu próximo como a ti mesmo" (Levítico 19, 18), é a síntese do Decálogo e de toda a Torá. Não por acaso essas duas dimensões fundamentais das "dez palavras" usam – e só esses dois versículos fazem isso – a fórmula "e amarás", we"ahavtà em hebraico.

O amor a Deus da primeira parte abraça a segunda, dirigida aos outros. Os dois amores entre si, na dimensão vertical e na horizontal, se cruzam no meio do Decálogo no mandamento do sábado. Que se torna o baricentro da vida espiritual, estendido entre Deus e o próximo.

Acrescentar um mandamento a esse projeto da Il Mulino foi um destaque de dever. Não por acaso ele representa a síntese dos cinco que se referem ao próximo. Cacciari, escrevendo o percurso do amor pelos outros, até ao inimigo, ofereceu também uma espécie de genealogia da revolução cristã. Cujas raízes são hebraicas. Por isso, a última palavra do Decálogo é re"èka, ou seja, "o teu próximo".